O jogo de empurra que se estabeleceu entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável pela administração do Museu Nacional, e as autoridades federais, responsáveis pelo financiamento da entidade, continua rendendo declarações de ambos os lados.
Após anunciar um edital de R$ 25 milhões para financiar planos de prevenção de incêndio e pequenas melhorias de infraestrutura em museus e entidades com acervo, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dyogo Oliveira, voltou a criticar a administração da universidade federal.
– É preciso esclarecer que o BNDES é um patrocinador, a responsabilidade pela gestão do museu é da UFRJ. Eles receberam R$ 3,1 bilhões de recursos federais no ano passado e não destinaram para o museu. As informações que eu tenho é de que outras áreas de universidade receberam mais recursos do que o museu – disse Oliveira, em entrevista por telefone a GaúchaZH.
O presidente do BNDES, que na última terça-feira (4) participou de reunião com o presidente Michel Temer e com os ministros da Educação, da Cultura e da Casa Civil antes de anunciar o edital, falou ainda sobre os recentes casos de incêndio em prédios administrados pela UFRJ – o do Museu Nacional é, de acordo com levantamento da Agência Brasil, o terceiro de 2018, depois de episódios de fogo no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) e no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, conhecido como Hospital do Fundão.
– Os casos de incêndio na UFRJ têm sido recorrentes. As universidades do Brasil têm autonomia administrativa e orçamentária. No caso da UFRJ, houve aumento de recursos e não redução (de acordo com reportagem do jornal O Globo, os recursos foram de R$ 2,6 bilhões, em 2014, para R$ 3,1 bilhões no ano passado). É preciso apurar onde alocaram esses recursos, que não no museu.
Sobre o edital anunciado na última terça, o presidente do BNDES informou que o foco são pequenas obras de infraestrutura e melhoria nos planos de prevenção contra incêndio:
– São intervenções de pequeno porte. Estimamos que sejam intervenções de até R$ 500 mil, o que possibilita o repasse para até 50 museus. Esperamos que haja uma grande mobilização das empresas, já que o incentivo é pela Lei Rouanet.
Oliveira ainda explicou a questão envolvendo o projeto de R$ 21,3 milhões, assinado pelo BNDES com a administração do Museu Nacional há três meses, que nunca chegou a ser repassado à entidade.
– A UFRJ havia solicitado um projeto de prevenção contra incêndio, mas não sua implementação. O BNDES achou insuficiente e incluiu a implementação. Isso atrasou um pouco a aprovação do projeto. Foi aprovado em junho, havia previsão do pagamento da primeira parcela em outubro, estava tudo dentro do previsto. Lamentavelmente, não foi o suficiente – ressaltou.