Todos os grandes museus da Europa e dos Estados Unidos têm um azeitado processo de prevenção e resposta a incêndios e outras catástrofes, como furacões, bastante comuns, por exemplo, no sul do território americano, em Estados como a Flórida e Louisiana.
Embora nem sempre fiquem à vista dos visitantes, esses procedimentos de segurança nos EUA são respaldados por uma espécie de cartilha do American Institute for Conservation of Historic and Artistic Works.
Além da prevenção, chave para não perder o acervo, muitas vezes patrimônio da humanidade, existe uma preocupação com medidas de mitigação para redução de danos, caso o fogo já esteja em andamento, e de combate, com evacuação de visitantes.
Todas as grandes instituições americanas e europeias contam com pelo menos um bombeiro 24 horas. Parece pouco se olharmos gigantes da cultura mundial de Nova York e Washington, por exemplo, mas é importante lembrar que há redes de monitoramento remoto, com câmeras, detectores de fumaça e sprinklers (chuveirinhos).
Nos EUA, é muito comum os museus terem a pintura das paredes feita com tinta especial anti-fogo. O piso e o teto, em alguns casos, recebem reforço de estrutura para que o calor e as chamas não se expandam para andares superiores ou inferiores.
No MoMa, o Museu de Arte Moderna de Nova York, o Departamento de Conservação David Booth é responsável pela preservação da coleção. Criado em 1958 em resposta a um incêndio no museu, o órgão foi inicialmente dedicado à conservação de pinturas. Desde então, expandiu-se para incluir equipes e instalações dedicadas à preservação de trabalhos em papel, escultura e objetos, fotografia e mídia.
Em 2012, quando o furacão Sandy atingiu Nova York, parte do acervo foi danificado. Este departamento ficou responsável pela resposta aos danos. Há vários documentos que devem ser cumpridos com diretrizes para lidar com arte danificada por inundações.
Não é diferente na Europa. Um dos mais importantes museus do mundo, o Louvre, de Paris, vai além. A segurança é extrema. Não tem um bombeiro, tem 52. Trata-se de uma brigada inteira (parte de uma companhia do corpo da capital francesa) morando dentro das instalações. São apenas a parte humana de um sistema que conta com 2 mil extintores, 8 mil detectores de fumaça, mangueiras e extintores integrados e 2 mil portas corta-fogo.
A Tate Modern é o museu de arte moderna mais importante do Reino Unido e exibe obras de grandes artistas como Picasso, Andy Warhol e Dalí. Apesar de ser um museu público, cerca de 70% de sua receita anual vem de fontes não-governamentais. Uma empresa privada desenvolveu cortinas de alta segurança e janelas resistentes ao fogo. Portas são fechadas em caso de identificação de fogo.
Segurança e prevenção contra incêndios, como infelizmente tragédias brasileiras recentes evidenciaram, são questões culturais. E, se estamos falando em mudança de comportamento, a responsabilidade não pode cair apenas sobre os governos. Os principais museus do mundo utilizam patrocínio privado para manter suas estruturas.