A vice-reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que administra o Museu Nacional, afirmou que a instituição tem recebido menos recursos do que suas necessidades de infraestrutura. Em entrevista na manhã desta terça-feira (4) ao programa "Timeline", da Rádio Gáucha, Denise Fernandes Lopez Nascimento declarou que o Governo federal foi alertado da situação:
– A universidade tem sido subfinanciada, mas com parcela maior de subfinanciamento a partir do ano de 2014. Isso nos leva a fazer escolhas difíceis, porque nossa universidade é muito grande, muito diversa. Temos cinco campi, vários prédios tombados. E desde 2015 vínhamos alertando o Governo federal da necessidade de uma rubrica específica para a manutenção dos prédios históricos e dos prédios tombados. Isso não foi feito.
Denise estima ser provável que menos de 10% dos 20 milhões de itens do Museu Nacional tenha saído intacto do incêndio ocorrido neste domingo (2), mas que os dados exatos não estão disponíveis porque o prédio ainda está interditado para a perícia. Segundo ela, ainda não se sabe a causa do incêndio.
Além de criticar o subfinanciamento da universidade, a vice-reitora da UFRJ afirmou que a verba repassada pelo Ministério da Educação diminuiu desde 2014:
– Na nossa série histórica de orçamento de 2014 a 2018 é fácil perceber a queda nas verbas do custeio da universidade. Quando o dinheiro chega na universidade, é alocado de acordo com prioridades diante das 60 unidades que a UFRJ possui. Então, o Museu Nacional recebe parte dessa verba para o custeio, sendo que a energia elétrica e a vigilância são pagas com a veba geral da universidade, a verba de custeio.
Questionada sobre outros prédios históricos sob gestão da UFRJ que correm risco similar ao do Museu Nacional, Denise afirmou que a universidade tem projetos de melhoria aguardando recursos e espera que o Governo federal e o Ministério da Educação tenham "um olhar especial" para a universidade.
– Nossa universidade completa 98 anos agora no dia 7 de setembro. E algumas das nossas unidades possuem mais de 200 anos, como a Escola de Belas Artes, a Faculdade de Medicina, a Escola Politécnica. Então, alguns dos nossos prédios são mais antigos do que a própria datação da UFRJ. Isso mostra uma deterioração das áreas de infraestrutura desses prédios. E os investimentos não têm caminhado do mesmo modo que as necessidades de infraestrutura dos prédios acontecem – disse a vice-reitora.