O discreto lançamento que teve em seu próprio país, onde somou apenas 34 mil espectadores em 2014, ficou muito aquém das qualidades da animação brasileira O Menino e o Mundo, reconhecida agora com essa histórica indicação ao Oscar ao lado de produções badaladas como Divertida Mente, da Pixar/Disney, indicada também a melhor roteiro.
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O Menino o Mundo foi realizado pelo diretor paulista Alê Abreu ao longo de três anos, ao custo de R$ 2 milhões. Entre os mais prêmios que conquistou no Brasil e no Exterior, estão o de melhor longa e o troféu do público no Festival de Annecy, na França, o mais prestigiado evento de animação do mundo.
Abreu conta a história de um garotinho que sofre com a ausência do pai. O guri decide procurá-lo e embarca numa aventura que o leva a percorrer um mundo fantástico habitado por seres estranhos, universo que o diretor construiu de forma artesanal combinando diferentes técnicas: desenho com canetinha e giz de cera, pinturas e colagens.
– O olhar de um menino tem algo de anárquico – disse Abreu em entrevista a ZH, na ocasião do lançamento do filme em Porto Alegre, em janeiro de 2014. – Hoje as animações mais elogiadas são as mais realistas. Há uma padronização na busca pela representação mais perfeita do real. Tudo bem. Mas a imaginação não pode ficar de lado.
O Menino o Mundo transforma em texturas lúdicas as impressões sobre o mundo adulto de uma criança que ainda não desenvolveu um linguagem própria para codificar o que vê. Os raros diálogos do filme são num idioma inventado, como a ressaltar que o verbo é desnecessário para encantar e divertir meninos e meninas (e adultos) de todas as idades.
A disputa pelo Oscar de melhor animação em longa-metragem conta ainda com o badalado Anomalisa, codirigido pelo roteirista Charlie Kaufman,a produção britânica Shaun: O Carneiro e a japonesa Quando Estou com Marnie.