A primeira coisa que lembro, quando penso na história do Opinião, é o show de Bob Dylan, em abril de 1998. Para mim, ele era - e ainda é - um semideus ao estilo grego. Já o havia assistido no Hollywood Rock, em São Paulo, mais ou menos longe do palco. Desta vez, estava a dois metros dele, vendo seus dentes gastos e cada gota de suor pingando das rugas, enquanto se entregava a uma plateia de mil pessoas, contrariando ginásios, estádios e multidões.
Outra primeira coisa que lembro é o show de Mercedes Sosa (1995), num palco marcado pelo rock. Para ela, não havia diferença. E o show, com cadeiras na pista, também entrou para a história dos grandes momentos do Opinião. Ainda outra primeira coisa foi o show de despedida da Ultramen (2008). Casa lotadaça, público no clima, amigos por todo lado, banda dando tudo o que pode dar quando parceiros de muito tempo se encontram numa situação de fim.
E eu poderia seguir nesse ritmo, até contar a história de 30 anos do principal palco do rock do Rio Grande do Sul em todos os tempos. Só do rock? Até em sua homepage o Opinião se caracteriza assim, mas a verdade é que todos os gêneros musicais se sentem bem ali. Foram muitos shows de reggae, MPB, música regional gaúcha, música latino-americana, jazz e, claro, literalmente todos os tipo de rock, do soft ao mais thrash. Acho que só não houve show de música religiosa.
A verdade é que Porto Alegre nunca teve um espaço de shows sequer parecido com o Opinião, que, ao lado do Theatro São Pedro, é o local mais nacionalmente conhecido. Todas as grandes bandas brasileiras já passaram por aquele palco, algumas o escolheram para a gravação ao vivo de DVDs por considerá-lo parte importante de sua trajetória. A imagem que os artistas nacionais têm do público gaúcho de rock é o público do Opinião.
Tudo começou na noite de 18 de outubro de 1983, quando os amigos universitários Alexandre "Alemão" Lopes e Cláudio "Magrão" Fávero abriram na Rua Joaquim Nabuco (hoje a casa fica na Rua José do Patrocínio), com show de Totonho Villeroy, um bar como tantos, mas com proposta diferente de outros (nem tantos) lugares com música ao vivo na Cidade Baixa, cujas trilhas sonoras não passavam do samba e da seresta.
No rádio, os grandes sucessos de 1983 eram Menina Veneno, de Richie, e Billie Jean, de Michael Jackson, mas Como uma Onda (Lulu Santos), Pro Dia Nascer Feliz (Barão Vermelho), Pintura Íntima (Kid Abelha), A Dois Passos do Paraíso (Blitz) e Nem Pensar (Kleiton & Kledir) também tocaram bastante. Exceto MJ, todos passaram pelo Opinião. Naquele ano, saíram os primeiros discos de Madonna e dos Paralamas do Sucesso. Nasceram os Titãs, o Metallica, Sandy, Amy Winehouse.
E o Imortal Tricolor tornou-se campeão da América e do mundo.