O último espetáculo do ano da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) na capital gaúcha será uma das obras de concerto mais executadas no mundo.
Carmina Burana, do alemão Carl Orff (1895-1982), cuja abertura ficou amplamente conhecida em filmes e séries, como Excalibur (1981) e Assassinos por Natureza (1994), terá sessões neste sábado (7), às 17h, e domingo (8), às 18h, no Complexo Cultural Casa da Ospa no Centro Administrativo Fernando Ferrari (Av. Borges de Medeiros, 1.501), em Porto Alegre.
Os ingressos para os dois dias já estão esgotados, mas o concerto de sábado será transmitido ao vivo pelo canal da Ospa no YouTube, com acesso gratuito.
Será uma apresentação portentosa, com 90 músicos da orquestra e mais de 180 vozes, todos juntos no palco, no formato de uma cantata. Os cantores pertencem ao Coro Sinfônico da Ospa, Coro de Câmara da PUCRS, Coral da UFRGS, Coro Jovem e Coro Infantojuvenil da Escola de Música da Ospa, entre jovens e adultos, criando diferentes gradações de vozes.
Os solistas são o tenor Rodrigo Olmedo, o barítono Vinícius Atique e a soprano Maria Sole Gallevi. A regência será do novo diretor artístico da Ospa, o maestro Manfredo Schmiedt.
— Estou entusiasmado, porque será meu primeiro concerto como diretor artístico da Ospa. É uma alegria grande fazer esse encerramento de ano com uma obra tão especial. É uma peça com uma linguagem muito próxima do ser humano. As canções são bastante simples e têm uma força muito grande que envolve as pessoas — diz Schmiedt.
"A música é muito enérgica", diz soprano
Já a soprano Maria Sole Gallevi é natural de Nápoles, ao sul da Itália, vive há 11 anos no Brasil e recentemente teve a experiência de apresentar Carmina Burana pela primeira vez na vida, com a Orquestra Sinfônica de Piracicaba, na Sala São Paulo, na capital paulista, considerada uma das melhores casas de concerto do mundo. No ano passado, ela esteve em Porto Alegre com a Ospa, apresentando a ópera I Pagliacci, de Leoncavallo.
— Carmina Burana é uma jornada muito poderosa, e isso é para todos, para os músicos e para o público. É uma atmosfera única, que celebra e reflete sobre a natureza humana. Tem um coro grandioso, e a música é muito enérgica — diz a cantora.
Formada em canto lírico no conservatório San Pietro a Majella, em Nápoles, um dos mais importantes da Europa, com pós-graduação em jazz no conservatório Santa Cecilia, em Roma, ela completa:
— Apresentar esta obra na Sala São Paulo foi uma marca muito importante na minha trajetória como cantora.
Versos foram escritos em latim por monges
Carmina Burana é uma peça composta por Carl Orff com base em um conjunto de 254 poemas e canções medievais, criados entre os séculos 12 e 13 e encontrados em um mosteiro na Bavária, em 1847. Os versos foram escritos por monges, em latim, e satirizam a Igreja Católica, além de refletir sobre a brevidade da vida, o amor, o sexo, a bebida e os jogos.
Para compor a cantata, Orff selecionou 24 textos e os organizou em sete partes: Fortuna, Imperatriz do Mundo; Na Primavera; Nos Prados; Na Taberna; Corte de Amor; Banziflor e Helena; e Fortuna, Imperatriz do Mundo.
Palestra vai explicar a importância da obra
Em ambos os dias, uma hora antes das apresentações, a pianista Olinda Allessandrini fará a palestra Notas de Concerto, contando a história de Carmina Burana, na Sala de Recitais da Casa da Ospa. Assim como o concerto, o encontro de sábado será transmitido ao vivo pelo YouTube da Ospa.
Para encerrar o ano, a orquestra viaja a Erechim, onde se apresenta no dia 12 de dezembro, e Lagoa dos Três Cantos, no dia 15.