Confirmada nesta segunda-feira (18), a saída do maestro Evandro Matté da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) encerra uma era e abre caminho para uma nova fase da instituição — que será liderada por outro velho conhecido dos músicos.
Respeitado entre os pares e dono de um currículo irretocável, Manfredo Schmiedt foi convidado pelo presidente da Ospa, Gilberto Schwartsmann, a dar continuidade ao trabalho desenvolvido por Matté, que planeja se dedicar a projetos pessoais.
De perfil discreto, Schmiedt é conhecido por comandar o Coro Sinfônico da Ospa há três décadas. Recentemente, ele regeu dois concertos especiais, inspirados em canções da Broadway, com teatro lotado e aplausos efusivos. Em seu lugar, ficará Diego Schuck Biasibetti (leia mais detalhes no fim do texto).
— Será o começo de um novo ciclo, depois do importante trabalho realizado pelo maestro Evandro Matté nos últimos 10 anos — destaca Schwartsmann.
Foi na gestão de Matté, nos governos de José Ivo Sartori e Eduardo Leite, que a Ospa conquistou casa própria e realizou um novo concurso público para músicos, com grande procura.
O maestro foi um dos responsáveis, também, por ampliar o alcance da instituição no Interior, garantir a realização de óperas anuais, reforçar o caráter didático dos concertos e popularizar a orquestra, além de trazer ao Rio Grande do Sul grandes músicos internacionais e elevar o nível das apresentações (com direito a elogios da crítica especializada, no centro do país).
— Estar à frente da Ospa por quase uma década foi maravilhoso, mas é uma função que exige uma entrega diferenciada. Apesar de eu ter outros projetos, a Ospa sempre me demandou quase que a plenitude em dedicação. Praticamente abdiquei de vida pessoal. Chegou o momento de diminuir um pouco o ritmo e cuidar da minha saúde — diz Matté.
Aos músicos, o maestro enviou a seguinte nota:
Prezados colegas,
A Ospa me acompanha desde a juventude e é uma parte importante da minha trajetória. Comecei como estudante na Escola da Ospa e, com 19 anos, tive a honra de assumir a cadeira de trompetista da orquestra.
Em 2015, fui convidado a assumir o papel de regente e diretor artístico. Ao longo de quase uma década, procurei dedicar o melhor de mim a essa grande instituição, que, graças ao esforço coletivo, conseguiu alcançar novos patamares.
Ver o Complexo Cultural Casa da Ospa concretizado, assim como um espaço digno para a Escola da Ospa, são realizações que enchem meu coração de gratidão. Sou imensamente grato a toda a equipe que esteve ao meu lado ao longo dessa jornada. Cada pessoa contribuiu de forma indispensável para construirmos essa história juntos.
Também preciso destacar o apoio fundamental do governo do Estado, que sempre acreditou na Ospa e no seu papel como patrimônio cultural dos gaúchos. Sem essa união de esforços e parcerias, nada disso seria possível.
Agora que público e orquestra podem usufruir plenamente desse espaço e de uma programação de padrão internacional, sinto que chegou o momento de me voltar a novos desafios e cuidar um pouco mais da minha saúde.
Em 2025, me despeço da Ospa com a certeza de que ela seguirá crescendo e honrando sua história como a orquestra de todos os gaúchos.
Cordialmente, Evandro Matté
Quem é Manfredo Schmiedt
Com vasta experiência coral e orquestral por todo o mundo, Manfredo Schmiedt é o maestro do Coro Sinfônico da Ospa desde setembro de 1992.
Tem mestrado em Regência pela Universidade da Geórgia (EUA) e graduação na mesma área pela UFRGS. Seu currículo acadêmico inclui duas importantes condecorações: Pi Kappa Lambda Music Honor Society e Director’s Excellence Award.
Schmiedt apresentou-se, como convidado, em destacadas orquestras do mundo, como a Filarmônica de Mendoza (Argentina), a Orquestra Sinfônica da University of British Columbia (Canadá), a Filarmônica de Belgrado (Sérvia), a Sinfônica do Noroeste da Flórida (EUA) e a Petrobras Sinfônica (Brasil).
Entre 2002 e 2020, foi regente e diretor artístico da Orquestra Sinfônica da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Quem é Diego Schuck Biasibetti
No lugar de Manfredo Schmiedt no comando do Coro Sinfônico, ficará Diego Schuck Biasibetti.
Ele é formado em violoncelo barroco pela Escola Superior de Artes de Bremen, na Alemanha, e estudou viola da gamba e Regência Coral na UFRGS.
É músico da Ospa e já atuou como regente assistente de Schmiedt no Coro.
Biasibetti também foi regente assistente na Orquestra Sinfônica da UCS e regente do Projeto Ópera na UFRGS.
Sua carreira na Europa inclui o cargo de regente do Coro Da Capo, na cidade de Syke, na Alemanha, e participação em grupos como Concerto Copenhagen, Die Kölner Akademie, Asfelder Vocal Ensemble e Balthasar Neumann Ensemble. Ele é membro fundador de grupos como Concerto Barroco, Bremerey Consort, Dario’s Revenge e Pro-Vocant.
Atualmente é solista de violoncelo na Ospa e violoncelista e diretor artístico do Porto Alegre Consort.