Pedro Cardoso tornou-se alvo de críticas após comparações entre as cantoras Beyoncé e Tracy Chapman. O ator de 61 anos postou um texto nesta terça-feira (2) no Instagram em que reflete sobre o desinteresse na arte em si e o consumo de informações sobre a vida pessoal dos artistas mais populares.
Cardoso começou a postagem questionando o alcance das artistas. "Bom ano. A mim, mais me toca a arte de Tracy Chapman do que a de Beyoncé. Seria gosto… Mas a minha questão aqui é a razão de a Beyoncé ser mais consumida do que Tracy".
Ele ainda criticou a indústria musical, jornalística e a sociedade: "Hoje, há mais consumo de biografia espetacularizada de artistas do que de arte. Os jornais noticiam como fatos da cultura os namoros, os negócios, os treinos, os crimes etc e, principalmente, a vida sexual dos ditos 'famosos'! Quase nada dizem sobre a arte deles! Mesmo porque, mais das vezes, pouca arte é produzida pelos artistas inventados pela indústria de biografias espetaculares; o que produzem é mesmo mais os escândalos de suas intimidades inventadas".
"Não gosto nem desgosto especialmente de Beyoncé, mas da vida pessoal de Tracy eu nada sei; da de Beyoncé, sem que eu procure, chegam-me mil fofocas. Para fazer o sucesso comercial tal qual o de Beyoncé, é preciso um empenho de promoção tão milionário quanto os milhões que se quer ganhar", escreveu ainda. Cardoso complementou: "Sexo vende-se mais facilmente que poesia."
Por fim, o ator afirmou que o problema é a ganância e a desvalorização da arte em prol de "contos de fadas sexuais exuberantes de famosos". "Sem vender a vida, 'Beyoncés' não venderiam tanto", afirmou.
Repercussão ruim
Com mais de 13 mil curtidas e 1,7 mil comentários, Cardoso recebeu uma série de críticas pela postagem. Os internautas discordaram dos argumentos expostos pelo artista. "Concordo com o texto, mas não com o exemplo. O sucesso de Beyoncé é de fato pautado na música, na dança, nos seus significados, no espetáculo também. Não vejo essa artista se utilizar de sua vida pessoal ou de escândalos pra se promover, ao contrário, percebo que tenta e muito fazer tal distinção, apesar do interesse indiscriminado do público pelo seu íntimo", comentou uma.
"Pedro, dá tempo de apagar. Porque você tá falando de uma das artistas mais reservadas do mundo, com menos polêmicas. E assim, achei de péssimo tom um cara branco colocar duas mulheres pretas nessa posição comparativa", apontou outro.
"Pedro, consumo muito dos seus textos por aqui, mas, neste, existem alguns pontos importantes. O primeiro deles é a comparação de duas artistas negras que pouco tem em comum, a não ser o fato de serem cantoras e negras. São épocas diferentes, estilos de música totalmente diferentes. Já foi dito aqui que a Beyoncé vive sua vida privada de maneira muito privada mesmo", comentou outra.
Esta última ainda refletiu: "O segundo ponto é sobre a sexualização de corpos negros. Isso é uma situação criada pelo homem branco, com raízes muito profundas na época da escravidão e não somente no Brasil", que ainda refletiu que "mulheres em posição de exposição de seus corpos atingem níveis de consumo muito mais expressivos".