A primeira edição do Planeta Atlântida ocorreu em 1996. De lá para cá, são 28 anos e muitas gerações que passaram pelo evento, assim como inúmeras atrações musicais. É quase um rito de passagem para os jovens do Estado, que têm no evento o seu primeiro grande festival da vida. Experiência tão marcante que algumas pessoas, com o avançar do tempo, decidem passar adiante a alegria que encontraram pelas terras do Litoral Norte.
É o caso do médico Ricardo Lannes Coirolo, 56 anos, que esteve presente na estreia do Planeta, prestigiando, por exemplo, o histórico show dos Mamonas Assassinas, bem como a icônica apresentação d'Os Paralamas do Sucesso. Depois deste, pegou gosto e voltou à festa outras várias vezes. Agora, quase três décadas depois, retorna ao festival, que novamente terá a participação da banda liderada por Herbert Vianna, mas em outro contexto: como pai.
De São Gabriel, Coirolo vai levar a sua filha, Laura, de 14 anos. Será a estreia da jovem, uma vez que atingiu a idade mínima para entrar no evento. Para a adolescente, está sendo o auge. Ansiosa, já preparou o look e está deixando tudo organizado para nada dar errado.
— Ela está a mil, entusiasmadíssima. É o primeiro show dela, está contando os dias — salienta Ricardo. — Faz uns anos que não vou, porque fui pai velho, mas sempre considerei o Planeta uma festa muito boa. Voltar agora está sendo bem legal, porque tu consegues reviver coisas de tantos anos, de uma época diferente. Hoje, vou um com novo grau de responsabilidade, para cuidar de uma filha adolescente, mas é muito bom porque tu vês também a juventude ali presente.
Para Laura, a expectativa para fazer a sua estreia no festival está nas alturas. A jovem acredita que estar presente no Planeta Atlântida será um momento único, principalmente por estar ao lado de Ricardo — em uma quase passagem de bastão:
— Poder estar compartilhando esse momento com meu pai é uma sensação única. Uma pessoa que desde o momento em que cometei sobre a vontade de ir ao festival esteve a me apoiar. Estou muito feliz de poder estar ao lado dele nesse momento tão especial para mim.
Os dois vão para ficar os dois dias — mas vão de camarote, porque, segundo Ricardo, é bom ter um lugarzinho para sentar, já que os joelhos já não são mais os mesmos de 1996. Enquanto ele tem preferência por artistas como Armandinho, Papas da Língua, Gabriel, o Pensador e, claro, Os Paralamas do Sucesso, Laura quer ver Vitor Kley, Luísa Sonza, NX Zero e Thiaguinho. Porém, a dupla garante que vai estar empolgada para prestigiar todas as atrações.
Estreia juntas
O Planeta Atlântida do ano passado marcou duas estreias: a da estudante de Administração Vitória Goerl e sua mãe, Rita Goerl, dona de casa. A dupla de Porto Alegre que, atualmente, tem 20 e 50 anos, respectivamente, foi junta ao evento por conta de um desencontro. Após as amigas da jovem perderem contato pouco antes do festival, a matriarca acabou assumindo o posto de companhia — mesmo com medo de sentir dores, já que tem uma cirurgia na coluna, por conta de um deslocamento, e dificuldade de ficar muito tempo em pé. Ambas foram juntas descobrir como era curtir aquela festa. E se apaixonaram.
— Estava com uma ansiedade enorme, parecia criança. Compramos uma capa de chuva e fomos. Nós duas curtimos muito. Foi muito, muito bom. Uma experiência incrível na minha vida, aos 50 anos. Chegamos lá às 16h30min, saímos às 5h30min, eu sem nada de dor na coluna, estava a mil. Esse ano abriu a venda e disse para ela: "Compra o meu". Aí já compramos para irmos de novo — conta Rita.
Durante a atração, ambas se sentiram contempladas pelas atrações. Rita fez a filha pular com os hits de Ivete Sangalo, enquanto Vitória apresentou o som de Matuê para a mãe — que virou fã do artista. Agora, o show mais aguardado pelas duas é do 30PraUm, que tem o próprio Matuê, acompanhado de Teto e Wiu. Elas ainda querem prestigiar Papas da Língua e Armandinho.
— Estou contando os dias para viver novamente a experiência deste festival incrível. E dividir com a minha mãe a vivência do Planeta é surreal. Apesar de ela ter 30 anos a mais que eu, na hora dos shows, parecia que ela tinha a minha idade. Em alguns momentos, até menos (risos) — relata Vitória.
Tudo em família
A família Diniz está organizando as malas para pegar a estrada, viajando de Rio Grande, no sul do Estado, até o Litoral Norte — serão seis horas de deslocamento. Mas o patriarca Wagner, 44 anos, garante que vão todos cheios de animação, porque, afinal, esta é uma programação que estão ansiosos para viver desde antes da pandemia, mas, somente agora, será possível.
Wagner, que é gerente de redes, vai ao Planeta Atlântida com a esposa Ana, 44, que é professora, e com os dois filhos, Bruno, 18, e Thiago, 20 — ambos estudantes. Esta será a estreia da turma toda no evento. Ansiosos, todos garantiram os seus passaportes no primeiro dia de vendas. Será mais uma experiência em família, algo que é muito valorizado pelo quarteto.
E, apesar dos gostos pessoais, o elo que une todos é o rock gaúcho. Por isso, Comunidade Nin-Jitsu é a atração unânime entre os Diniz, afirma Wagner. O som dos músicos era colocado no carro desde que Bruno e Thiago eram crianças e, por isso, os dois cresceram apreciando a banda e o gênero como um todo.
— A gente não costuma fazer nada separados. Normalmente, vai a família toda. E, para conhecer o Planeta, a expectativa está alta. Tanto é que vamos pegar a estrada bem cedo, chegamos a Xangri-lá na sexta, por volta do meio-dia, e vamos para o festival. Depois, tem o sábado. Voltamos, dou uma dormidinha e vamos embora. Vai ser tudo meio corrido, porque trabalho no domingo. Mas está tudo sob controle. Vamos nos divertir — conta o otimista Wagner.
Para Bruno, o filho mais novo, a ansiedade para o evento vai crescendo a cada dia que passa e o festival se torna mais próximo. Segundo ele, a vida todo ouviu falar do Planeta Atlântida e, agora, chegou a vez de participar. E com a família, o que só valoriza a experiência:
— É importante criar tradições como essa, criar memórias marcantes na vida de todos nós, viver o momento e saber que, mais para frente, vamos olhar pra trás com saudade de viver isso.
Thiago concorda com o pensamento do irmão, também festejando poder viver o Planeta em família:
— É realmente muito importante as tradições familiares por conta de que a família é a base de tudo e, quanto mais tradições, mais forte a base.
A matriarca Ana também se diz ansiosa por viver a vibe do Planeta Atlântida e, fazendo coro com o marido e os filhos, acredita que a experiência em conjunto será marcante para todos — e para sempre:
— Tentamos acompanhar e nos fazer presentes nos gostos e vontades dos nossos filhos. Poder viver o primeiro Planeta na companhia deles é mais que especial, é criar memórias afetivas que irão carregar pelo resto da vida.
É isso: o Planeta Atlântida atravessa gerações, conversa com novos públicos e, também, segue servindo entretenimento para quem já é veterano no evento. Neste ano, não será diferente. As famílias estão prontas, e a data está cada vez mais perto. O festival ocorre na sexta-feira (2) e no sábado (3), na Saba, na praia de Atlântida. Os ingressos ainda podem ser adquiridos aqui.