Chamado de poeta por sua legião de fãs, Armandinho é um artista gaúcho que nunca sai de moda. Prova disso são as incansáveis presenças nas edições do Planeta Atlântida, o que já virou tradição do evento. Afinal, Planeta sem Armandinho não é Planeta. Para o artista, é muito clara a relação do festival com sua carreira, já que, segundo ele, ambos “cresceram juntos”:
— Acho que a minha carreira está diretamente lincada ao Planeta Atlântida, desde o lançamento, desde as primeiras músicas, os primeiros sucessos. Minha carreira vem crescendo assim como a do festival também. Uma coisa está atrelada a outra.
E engana-se quem pensa que o artista sobe ao palco com o repertório pronto. Ele garante que passa o tempo todo soprando as músicas que vai cantar para o restante da banda, pois vai “sentindo a temperatura do público”. Mas é claro que clássicos como Outra Vida, Semente, Toca Uma Regueira Aí, entre outros, nunca ficam de fora.
Aliás, Armandinho adianta que, este ano, o show terá participação especial da cantora Ana Gabriela. A artista gravou ao lado dele a recém-lançada Sabe. Segundo ele, a canção, que foi divulgada em dezembro do ano passado, é um pedido de reconciliação que não deu certo.
— É a história de um casal na qual um dos dois aprontou, pede pra conversar antes de cair na vida e ter outros relacionamentos, e a outra pessoa diz que até aceita conversar, mas que ela sem ele (ou ele sem ela) estava se sentindo bem sozinho — afirma.
Questionado sobre a maior memória afetiva que Armandinho tem do festival, ele conta que foi o dia em que comemorou seu aniversário no palco:
— Uma das coisas mais emocionantes do mundo foi quando eu toquei no dia do meu aniversário e o Planeta Atlântida inteiro cantou parabéns pra mim. Isso foi uma coisa inesquecível, que eu guardo comigo como uma lembrança maravilhosa.
O último apaixonado
Logo ao escutar as músicas de Armandinho, a gente já pensa na pessoa amada ou naquele crush que queremos ter por perto, não é? Muitos casais foram e são embalados pelas canções do artista, que se considera muito romântico, o que acaba refletindo em suas composições:
— Elas contam um pouco das minhas relações, né? Desde a primeira namorada, desde a época do Ursinho de Dormir. Eu me considero uma pessoa que põe romantismo em tudo aquilo que eu faço. Cada música minha tem uma importância. Cada uma delas conta uma história. A experiência que eu adquiri nesse tempo todo, tendo muitas namoradas, acabaram influenciando pra esse repertório de músicas que são românticas.
De Porto Alegre para o mundo
Armando Antônio Silveira da Silveira, o Armandinho, nasceu em Porto Alegre, em uma família que cultuava a música. O pai, com quem conviveu pouco, tocava MPB no violão e cantava. A mãe, além de colocá-lo na aula de violão quando ele tinha oito anos, apresentou os grandes artistas da MPB e do rock.
Suas influências na música passam por Beatles, Caetano Veloso, Rolling Stones, Vinicius de Moraes (1913–1980), Elvis Presley (1935–1977), Chico Buarque, entre outros.
— Eu acho que o Caetano (Veloso) teve uma flecha muito grande na minha vida. Tanto ele como o (Gilberto) Gil, como o Djavan, eu acho que são cantores, compositores intensos, que influenciaram muito na minha carreira — destaca o artista.
Antes de ter o projeto Armandinho e Banda, o cantor tocava música brasileira e reggae nos bares porto-alegrenses. Foi em um deles que o então funcionário da Rádio Atlântida, Gerson Pont, perguntou se ele tinha composições autorais. Entre as músicas enviadas e tocadas na rádio, Folha de Bananeira ficou entre as mais pedidas em 2001.
Para 2024
Com mais de dois milhões de ouvintes mensais no Spotify, além de lotar shows dentro e fora do país, no ano passado ele levou sua música para Nova Zelândia, Austrália, Inglaterra, Espanha e Portugal. Para esse ano, o artista planeja criar um álbum com as músicas que foram gravadas e “estão soltas pelo Spotify”:
— Tem canções que merecem ter uma casa, elas merecem ter um álbum e é isso que eu vou realizar. Vai ser o lançamento de um álbum de músicas que estão soltas, que merecem se unir e se juntar pra contar uma história.
Saúde mental
Armandinho comenta que uma das coisas que mais o ajudou na carreira foi o acompanhamento psiquiátrico:
— Quase 100% do meu êxito profissional foi traçado com os psiquiatras que eu já tive na minha vida. Qualquer pessoa precisa fazer terapia. O mundo, hoje, é de muita informação. Tu tem que ter um filtro, e acho que nada melhor que uma psicoterapia pra ti filtrar aquilo que é bom e aquilo que não é bom.