Em agosto de 2022, Djavan lançava o seu mais recente álbum, D. O disco é um retrato da época em que foi produzido — falando sobre o obscurantismo que pairava no Brasil, com a pandemia de covid-19 e o negacionismo se fazendo presentes. A ideia do trabalho, então, era levar otimismo para quem o escutasse, ser o som das boas novas, da mudança para um mundo melhor.
Agora, mais de um ano depois, o alagoano de 74 anos avalia se o seu trabalho, de fato, conseguiu cumprir o objetivo:
— Eu acho que sim. Estamos vivendo novos tempos, um novo governo, o Brasil está se transformando em algo melhor, está crescendo. É óbvio que ainda não estamos naqueles dias em que tudo está bombando e tal, mas a gente está a caminho de um novo futuro, que é o chamamento do disco. Para termos esperança, vislumbrar um futuro melhor, novas luzes, novos caminhos – diz, em conversa com GZH.
Satisfeito com o cumprimento da profecia do disco, o artista acredita que, no momento, o país está trilhando um caminho de luz. E, para celebrar, ele está rodando o Brasil e o mundo com a Turnê D, em alusão ao último álbum lançado — mas não somente isso. Em seus shows, canções clássicas estarão presentes, como Sina, Flor de Lis, Samurai e Oceano. E esta mistura foi o suficiente para que o público decidisse ir em peso aos shows.
Em Porto Alegre, por exemplo, foi necessário abrir uma sessão extra para Djavan — desta forma, ele se apresenta no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685) nesta quinta-feira (21) e na sexta-feira (22). Os poucos ingressos que restam podem ser adquiridos na plataforma Sympla (veja detalhes ao final do texto).
— Para mim, é uma alegria saber que as pessoas querem participar do show, querem frequentar o show. É fruto do que gente faz há muitos anos, com bastante dedicação. E isso só aumenta o meu prazer de fazer música, de cantar. Esses dois dias em Porto Alegre vão ser dois dias incríveis, como tem sido em todos os lugares. É uma carreira bastante bem-sucedida e que está, neste momento, vivenciando um trabalho que está sendo muito bem avaliado pelo povo — comemora Djavan, destacando que a turnê passou, com êxito, por Europa e Estados Unidos.
Obra atemporal com cerca de 40 hits
Se D é o 25º disco da carreira de Djavan, o primeiro, A Voz, o Violão, a Música de Djavan, lançado em 1976, já está perto de completar cinco décadas de lançamento. De lá para cá, o artista construiu uma trajetória brilhante, com composições que renderam nada menos que quatro Grammys Latinos ao artista e, também, cravaram hits para sempre no cancioneiro brasileiro.
— Se for enumerar, eu tenho em torno de 40 hits. Músicas como Flor de Lis, Sina e Samurai se tornam muito buscadas pelo público porque elas não param de ser executadas no rádio, na internet e, principalmente, buscadas pelas novas gerações de artistas, regravadas. Então, acaba sendo uma obra que continua com uma vida muito profunda — avalia o artista.
Como prova desta persistência, é comum nas redes sociais surgir a história de que Flor de Lis foi composta para a esposa Maria e a filha Margarida, que teriam morrido no parto da menina — o que chega a levar pessoas às lágrimas, conforme relatos das próprias nos comentários das postagens. A letra, porém, não tem nenhuma relação com a história de Djavan e não passa de uma invenção do artista.
— Já desmenti 500 mil vezes essa história (risos), mas na internet não se desmente nada. Aquilo é eterno. Mas isso mostra que é uma música realmente muito buscada pelas pessoas. Ela fala, na verdade, de uma relação que existiu com uma força enorme, mas não foi tão feliz — explica o artista.
Ao ser questionado se esta história, pelo menos, é baseada em sua vida, emenda:
— Não, é pura imaginação. Isso é que piora tudo (risos).
Maratona de apresentações mundo afora
Iniciada em 31 de março, em Maceió, Alagoas, terra natal de Djavan, a Turnê D se estenderá até julho de 2024, em uma maratona de apresentações mundo afora — enchendo as casas por onde passa. Esta grande procura mostra que o artista está em plena forma, tanto para compor novas canções, que já foram abraçadas pelos fãs, como para interpretar os clássicos.
Mesmo com a agenda lotada, o artista de 74 anos ressalta a energia e o prazer de fazer o que faz. Para ele, sair do período considerado "de trevas" para chegar a este futuro cantado por ele mostra que a vida não acabou e, pelo contrário, que ela pode ser maravilhosa, se assim foi buscada — o que Djavan garante fazer constantemente.
Até mesmo por toda esta vitalidade, o artista sequer pensa em tirar o pé do acelerador. Em paralelo à Turnê D, ele promete para o ano que vem um livro, uma peça teatral e um filme, além de já estar pensando em um novo álbum, que deverá gravar assim que terminar a sua atual série de apresentações.
— Estou envolvido em tantos projetos neste momento! É minha alegria viver essa vida que eu vivo, fazendo música, contatando as pessoas, me expondo às plateias. É uma coisa que me enche de prazer — completa o artista, que promete levar o público do Araújo Vianna para navegar em um oceano de sucessos e boas energias. Afinal, essa é a sua sina.
Djavan no show "D"
- Nesta quinta (21) e sexta-feira (22), a partir das 21h, no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre.
- Ingressos a partir de R$ 280 (inteiro) ou R$ 150 (solidário, mediante doação de 1kg de alimento não perecível).
- Ponto de venda sem taxa: Planeta Surf Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2.611, loja 249 – Jardim Lindóia), das 10h às 22h. Ponto de venda com taxa: na plataforma Sympla.
- Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante e acompanhante sobre o valor inteiro.