A noite desta quarta-feira (26) será de lágrimas, vontade de ligar para o ex, hits e, principalmente, celebração a uma das principais artistas da música brasileira dos últimos anos: Marília Mendonça, que morreu em novembro de 2021 mas deixou um legado eterno. Ela será homenageada por Johnny Hooker, que apresenta no Theatro São Pedro, a partir das 20h, o show Clube da Sofrência.
No espetáculo, o pop de Hooker encontra o sertanejo de Marília, com o mesmo tema em comum: o romantismo popular. Durante uma hora e meia, o público vai deparar com uma "batalha de sucessos", cantando junto com o artista, que vai intercalar uma música sua e uma da sertaneja, sempre buscando as proximidades entre si, construindo um arco narrativo dentro do show.
Porto Alegre será uma das primeiras cidades a receber o Clube da Sofrência, que fez a sua estreia em Campinas, em São Paulo, no último dia 15. Por lá, Hooker ouviu os mais diversos elogios, que se multiplicaram pelos outros lugares pelos quais o artista passou com esta homenagem a Marília. De acordo com o artista pernambucano de 35 anos, é "mágico" ver o seu trabalho lado a lado com o da sertaneja, visto que ambos desenvolveram as suas carreiras em realidades distintas.
— Marília tinha o talento e a perseverança, ao mesmo tempo que a estrutura do agronegócio, que domina o mercado musical brasileiro. E é por isso que as músicas dela chegaram a muito mais gente. Eu, na verdade, só tinha a perseverança. E zero real. Os números que as minhas músicas alcançaram nestes anos foram incríveis, não estou reclamando. Só estou dizendo que quando você tem uma estrutura bilionária por trás, é muito mais fácil que os seus hits alcancem mais pessoas — explica o artista.
As canções de ambos vão diretamente no coração do público, narrando histórias de amores impossíveis, de amantes, do ciúme, das traições e de diversos outros desdobramentos das complexas relações humanas. Assim, Hooker explica que, nas apresentações que fez com o Clube da Sofrência, os seus fãs e os admiradores de Marília cantam do início ao fim. O cardápio vai de Alô Porteiro a Escolheu a Pessoa Errada para Humilhar, de Infiel a Pense em Mim, de Ciumeira a Alma Sebosa. O prato principal, é claro, é a dor de cotovelo.
Saudade
Hooker conta que ele e a sua equipe estavam planejando um show de tributo há bastante tempo e, quando surgiu a possibilidade de fazer a homenagem para Marília Mendonça, não houve dúvidas: seria ela a estrela de seu primeiro show do tipo. O pernambucano quis enaltecer a vida e a obra de uma das maiores estrelas recentes da música, que segue sendo um fenômeno, pois, para ele, não é preciso voltar décadas no passado para encontrar nomes que mereçam ser reverenciados.
— Eu conheci a Marília, e a gente pôde trocar a nossa admiração mútua. Ela fez até um vídeo cantando uma música minha, Alma Sebosa, e eu pude falar para ela o quanto eu admirava o trabalho dela. Os nossos discos de estreia saíram no mesmo ano, em 2015. E o Brasil tem tendência a homenagear coisas que aconteceram há 40, 50 anos. Não estou, obviamente, tirando a importância da história, mas não sou uma pessoa muito saudosista — esclarece o músico.
Para o artista, a perda de Marília foi uma tragédia para a cultura nacional, mas acredita que a obra da sertaneja seguirá por gerações — no ano seguinte à morte da cantora, por exemplo, as suas músicas seguiram no topo das paradas.
— Infiel é um clássico da música brasileira. Um clássico imortal. Ela deixou obras que são tão universais que eu acho que vão atravessar o tempo. Daqui a 20, 30 anos, a gente aí vai estar ouvindo Infiel, De Quem É a Culpa?, Supera. Marília cantou sobre temas universais da alma humana e é impossível limitar os desdobramentos desta obra — enaltece Hooker.
Com todas as semelhanças e a proximidade entre os dois, apesar de estarem em espectros distintos no gênero musical, o artista projetava uma parceria com Marília. Inclusive, ele chegou a escrever uma música para que ambos cantassem juntos — Você Escolheu a Pessoa Errada para Humilhar. A parceria acabou não acontecendo, mas Hooker nutria essa vontade de cantar lado a lado com a estrela sertaneja:
— Era complicado para ela, pelo mercado em que estava inserida. Mas, talvez, em uns 20 anos, a gente pudesse fazer alguma coisa juntos. Agora, estou subindo no palco e levando a obra dela, o que é bem emocionante. E poder fazer isso no Theatro São Pedro, que é um espaço tão importante para os gaúchos, torna tudo mais bonito.
E, assim, está montado o cenário para esta grande homenagem a Marília Mendonça. Conforme a própria artista já cantou em Infiel, "ninguém vai sofrer sozinho, todo mundo vai sofrer".
Clube da Sofrência - Johnny Hooker Canta Marília
- Nesta quarta-feira (26), às 20h, no Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº - Centro Histórico), em Porto Alegre.
- Ingressos apenas para o setor galeria, a partir de R$ 110 (inteiro), disponíveis no site do Theatro São Pedro.
- Classificação: livre.