Reconhecido cantor lírico no Rio Grande do Sul, Decápolis de Andrade morreu nesta quinta-feira (8), em Porto Alegre, aos 77 anos. Ele estava internado no Hospital de Clínicas e não resistiu a complicações da covid-19.
No canto erudito, Decápolis era identificado como tenor, com voz mais aguda. Ele estava aposentado, mas por muitos anos foi ligado à Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), onde deu aulas de canto no Conservatório Pablo Komlós - Escola de Música da Ospa e ensinou técnica vocal no Coral Sinfônico da orquestra.
Regente da Ospa, o maestro Evandro Matté conviveu com Decápolis ainda na sua época de músico, quando era trompetista na orquestra sinfônica e subia ao palco com o tenor nas apresentações da Ospa.
— Talvez tenha sido um dos cantores que mais se apresentou junto à orquestra. Sempre alegre, divertido. Aquele perfil que todo mundo se dá bem, todo mundo gosta. E um grande incentivador da ópera e do canto lírico — define Matté.
O maestro Manfredo Schmiedt, regente do Coro Sinfônica da Ospa, lamenta a perda do colega e o define como uma "grande figura, de muita expressão" — na música e no trato pessoal:
— Foi um ícone expressivo dentro da história do Coro Sinfônico Ospa. Extremamente enérgico, vibrante, que buscava os sonhos dele. Inclusive, ele mesmo contava que acabou pintando paredes em Buenos Aires, onde foi estudar canto, para sobreviver como cantor, para continuar o curso dele. Ele teve inúmeros alunos, que estão espalhados mundo afora.
Um dos aprendizes de Decápolis de Andrade foi o barítono Carlos Rodriguez, que teve lições com cantor na Escola de Música da Ospa.
— Ele formou muita gente. Era um cara legal, querido por todos. Um cantor bastante ativo em Porto Alegre — disse.
Decápolis tinha outras doenças, como diabetes. Ele deixa a esposa, Rita de Paoli, e três filhos.