Dias após a Polícia Civil do Rio de Janeiro apreender fitas com músicas inéditas de Renato Russo, Guiliano Manfredini, filho do cantor e responsável pela Legião Urbana Produções, afirmou que o material está armazenado "dentro dos melhores padrões internacionais". As informações são do jornal O Globo.
Manfredini emitiu uma nota informando que o material foi transportado para São Paulo e ficará guardado nas instalações de uma empresa especializada em logística de acervos históricos e culturais. "Enquanto estiver sob minha responsabilidade, a exemplo do que ocorre com todo o acervo do meu pai, já tratado no MIS/SP, o material apreendido pela Operação Tempo Perdido será cuidadosamente guardado, manuseado e analisado por profissionais especializados", diz no texto, ressaltando que fez um seguro para garantir a integridade dos registros.
Ele também afirma que ainda desconhece o conteúdo completo das gravações e que é preciso verificar se são ou não materiais que foram retirados do apartamento de Renato Russo. "O nosso interesse é tornar público qualquer material que tenha presença do meu pai e que pertença ao seu acervo, sempre respeitando as leis e os direitos das pessoas e instituições envolvidas", destaca.
Na semana passada, Dado Villa-Lobos criticou a apreensão das fitas, alegando que pertencem, por acordo de cessão de direitos fonográficos, à gravadora Universal Music.
— Não consigo entender como um delegado, a polícia se prestam a isso, estão quebrando um contrato mundial. Alguma coisa tem que ser feita. Isso não é um arquivo qualquer, é o arquivo da Legião Urbana, que eu acredito ter um valor muito grande para a cultura musical do Brasil, para os brasileiros que cresceram ouvindo isso — disse.
Ele também se mostrou preocupado com a conservação do material:
— A Iron Mountain tinha as condições climáticas de desumidificação para preservar as fitas magnéticas. Não consigo entender como é que a minha obra é tirada dali e vai parar nas mãos da polícia. Eu estou dando como perdido esse material, ele é parte da nossa vida e agora vai apodrecer.
A operação
Em 9 de dezembro, a Operação Tempo Perdido apreendeu em um depósito 91 fitas que, segundo a polícia, contêm composições inéditas de Renato Russo. A ação foi um desdobramento da Operação Será, deflagrada em outubro, que também tinha como objetivo localizar material inédito do cantor e entregá-lo ao seu herdeiro.
Na ocasião, os policiais relataram ter encontrado um documento que cita 30 músicas nunca lançadas oficialmente. Contudo, à época, produtores musicais que trabalharam com a obra de Renato Russo negaram que os materiais citados no relatório tivessem mesmo músicas inéditas.