O passado retornou em formato atualizado na noite deste sábado (25): dispersos no estacionamento do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, cerca de 150 carros abrigavam casais e famílias reunidos para um drive-in. Em vez de um cinema a exibir filmes antigos, o cantor porto-alegrense Gustavo Bing encarnava Frank Sinatra no show Sinatra 1915 Tribute.
Bing, 21 anos, cantou clássicos de Sinatra, como Fly Me to The Moon, Come Fly With Me, My Way e New York, New York. A abertura foi de DJ Lê Araújo e Gustavo Fallavena.
A imposição do distanciamento social exigiu que a banda de Gustavo Bing ensaiasse por Skype e que, na apresentação, determinada distância fosse adotada entre os músicos.
Mas o contato com o público seguiu presente, como na pré-pandemia: o cantor foi tocado por determinados gestos simbólicos: em vez de celulares ligados em mãos estiradas para o céu, pisca-alertas demonstravam o apreço; em vez de palmas ao fim da música, buzinas.
— É sensacional ver a buzina, um instrumento pra reclamar no trânsito, ser usado para aplaudir. Isso me impactou bastante. Se buzinas fossem usadas pra aplaudir, o mundo seria um lugar melhor — afirmou o cantor, logo após o fim do concerto.
A experiência de um show em drive-in, o incentivo à cultura e a sensação de segurança motivaram a empresária Tatiane Solano, e o marido, o engenheiro mecânico Marco Aurélio dos Santos Caminha Júnior, ambos de 43 anos, a assistirem ao show de dentro de um Golf Variant.
O som das músicas emanava da rádio do carro, sintonizado em frequência orientada pela organização do evento. Para jantar, Tatiana pediu um cachorro-quente e Marco, uma pizza de carne de panela. A comida é entregue na janela do veículo.
— Estou me sentindo a adolescente que saiu para a primeira reunião dançante! — conta a empresária.
O casal afirma que se sentiu bastante seguro – Marco avalia que o programa noturno pode, inclusive, envolver familiares mais velhos que convivam junto no isolamento em casa.
— A gente até se sente seguro de convidá-los tamanha a segurança que tudo nos passou em relação à precaução e aos cuidados tomados.
Para a advogada Vivian Flores, 52 anos, o show foi "fantástico":
— Amei o atendimento, a segurança e a música, que me remeteu à minha adolescência. Foi uma experiência maravilhosa, eu estou presa trabalhando em casa desde março. Foi muito maravilhoso — afirma.
O concerto integrou a programação do Drive-in Air Festival, que é promovido em parceria pelo Grupo Austral, pela Arca Entretenimento e pela Fraport. Cada carro pode ter até quatro pessoas e apenas é possível comparecer com veículos fechados (motos não são autorizadas).