Milhões de discos vendidos, uma carreira marcante na TV e dona de um lugar cativo no coração de fãs de diferentes gerações. Aos 56 anos, Xuxa sabe que tudo isso é realidade e, na noite deste sábado (26), no Gigantinho, fez questão de agradecer a cada um da plateia do Xuxa Xou por essas alegrias em sua vida.
Antes da apresentação começar, por volta das 19h, não havia como precisar o perfil dos espectadores. Eram vistas todas as gerações e públicos possíveis: famílias inteiras, jovens que cresceram ouvindo a eterna Rainha dos Baixinhos e crianças que vivem a fase mais recente - de faixas como Cinco Patinhos e Vem Dançar Com o Txutxucão. Todas eles, certamente, cantaram, gritaram e dançaram muito durante uma hora e meia.
— Vejo vocês trazendo sobrinhos, netos. É muito lindo isso. Eu fico emocionada. Isso é um presente de Deus, de vocês fazerem parte da minha história. Sem dúvidas, vocês são uma das melhores partes dela, então se eu fizer um livro ou um filme sobre a minha carreira, um dia, vocês estarão lá — garantiu Xuxa, no meio do show.
A própria Xuxa, acompanhada de playback em boa parte da performance, fez questão de colocar todo mundo para cima. Fez o público cantar Abcdário da Xuxa e Doce Mel ("Desculpa, pessoal, essa não tá na setlist hoje", brincou ela). Correu e pulou pelo palco com Tô de Bem Com a Vida.
Para abrir a festa, entrou no palco saindo da nave espacial, símbolo do Xou da Xuxa, programa infantil que ficou no ar entre 1986 e 1992. Acompanhada de quatro paquitas e dois paquitos, fez a primeira interação com a plateia após cantar Amiguinha Xuxa:
— Que delícia, muito obrigado por estarem aqui. Fico feliz de receber o carinho do meu povo daqui do sul, os guris e gurias. Tem gente da Argentina, Uruguai. Só desejo que todos se divirtam muito e prometam que vão ficar felizes, que vocês dancem sempre que puder.
Diversidade e pedido de paz
Um dos aspectos mais marcantes do Xuxa Xou, além de relembrar os sucessos, é reafirmar os valores humanos. Antes de Brincar de Índio, os telões exibiram um recado de Rita Lee, que pedia para os fãs repetirem as frases "bicho não é coisa", "não à caça" e "vamos salvar a Amazônia".
Nas últimas décadas, Xuxa também virou, praticamente, um ícone LGBT+. E esse fato não passou despercebido. Depois de cantar com um cocar na cabeça, Xuxa completou o discurso falando sobre a diversidade e o veganismo, ao qual é adepta desde 2018:
— A gente fala disso muito hoje e temos que respeitar, sabe? Se respeitássemos o ser vivo, seria tudo mais fácil. Vamos respeitar as diferenças, a diversidade. Não é levantar a bandeira, é respeito. Se alguém quiser beijar alguém do mesmo sexo, se a pessoa não quer mais comer carne vermelha, tem que aceitar, tem que respeitar! Não vamos criticar, vamos respeitar — pediu a cantora natural de Santa Rosa.
Mais perto do fim do show, a artista também falou sobre as redes sociais, refletindo que "todo mundo xinga todos" e que "tem muita gente louca" atrás das telas.
— Tem cada gente doida, as pessoas não estão mais se segurando, ficam postando o tempo todo. E quanto xingamento! A gente precisa se acalmar, precisamos de paz — emendou, antes de apresentar Nosso Canto de Paz.
Encerramento
Para fechar a noite, após sua quarta troca de roupa, Xuxa apresentou Arco-íris, colocando o público para cantar em coro. Emocionada, falou da relação com o Sul:
— Vocês têm noção de onde me colocaram? Ser artista é receber aplauso, e olha há quantas décadas vocês estão me acompanhando. Sempre falo que quando saí do Sul, eu olhava no mapa e não achava Santa Rosa, não admitia que não tinha no mapa. Por isso, risquei muitos mapas por aí (risos).
E, claro, repetiu a mensagem eterna de sempre se lutar pelos sonhos:
— Todo mundo fala que sou gaúcha. Brincaram que santa de casa não faz milagre, olha isso! Parem! (risos) Sempre falei e repito: tem que acreditar. Sempre falaram do meu sonho e insisto: não desistam do sonho, do tamanho que for. Não desistam. Ninguém pode falar que vocês não são capazes. Meu sonho era chegar no coração das pessoas e eu consegui — encerrou, emendando com os números de Lua de Cristal e Ilariê, antes de entrar na nave espacial.
Famílias
O Xuxa Xou foi um momento de celebração das famílias. Fernanda Toigo, 32 anos, trouxe o marido Marcos, suas duas filhas Maria Clara, 6, e Maria Eduarda, 11, e a tia Vera Lúcia da Silva, 66. A companhia de Vera foi inevitável para Fernanda: ela levou a sobrinha pelo menos três vezes na chegada do Papai Noel, em meados da década de 1990, uma tradição no fim do ano quando Xuxa vinha para a Capital.
— Ela sempre trouxe uma mensagem boa para as nossas vidas e passei isso para as minhas filhas — garante Fernanda.
— Ela canta bem — completa a pequena Maria Clara.
Assim que soube do show da artista, Lucimar Muria fez questão de comprar ingressos para seu afilhado João Miguel, 6 anos, e para a neta Sophia, 8. Os dois estão crescendo ouvindo a Rainha dos Baixinhos, principalmente canções da nova geração, como Cinco Patinhos.
— A Xuxa sempre trouxe muita esperança para mim e os pequenos. Gosto que ela saiu de Santa Rosa, é daqui, e não se esqueceu da gente. Isso é muito lindo — acredita Lucimar.
Conterrâneos de Xuxa também marcaram presença no Gigantinho. Mesmo tendo criado as filhas Gloriane, 37 anos, e Graciete, 40, com as canções da artista, Anisia Morschbacher, 70, nunca as havia levado para assistir a um show. Atualmente, moram em Dois Irmãos, e estavam realizando um sonho neste sábado:
— Ela é inspiração para nós e nos sentimos tão íntimas dela que é como se fosse da família. Sempre tive o sonho de ser paquita — explica Graciete, que era professora de educação infantil até o início do ano e costumava usar as faixas de Xuxa em suas classes.
— Até adiei uma cirurgia que faria nesta semana para a próxima segunda-feira só para estar aqui — completa Anisia.
Encontro com a ídola
Nesta semana, a reportagem de GaúchaZH conversou com os integrantes do fã-clube Todos Somos Um, que sonhavam em conhecer a cantora. Durante a semana, tentaram contato com a produção do espetáculo e, enquanto estavam na fila neste sábado, foram surpreendidos com o convite para ir ao camarim.
Com diferentes histórias, o grupo de amigos conseguiu fazer uma foto com a Rainha dos Baixinhos e não conseguiam explicar, em muitas palavras, como foi o aguardado encontro.
— Eu entreguei uma medalinha de Nossa Senhora das Graças, que eu tinha comprado para ela em 2005, já que ela se chama Maria da Graça. Falei que tinha esperado muito por esse dia e, se ontem não dormi de ansiedade para o show, hoje não descanso de noite de tanta emoção — garantiu Felipe Nopes.
Outras duas sortudas foram as amigas Patrícia Xavier, 45 anos, e Ana Remacha, 38. Fãs "desde sempre" da apresentadora, consideram a cantora uma "fada madrinha":
— Ela tem uma luz que ocupa todo o lugar. Faz parte de uma geração e continua encantando a gente, todos os dias — acredita Ana.
Pelo visto, a loira deve continuar sendo amada por muito tempo. Em um dos momentos da apresentação, ela falou sobre a possibilidade de se aposentar:
— Queria me aposentar desde os 26 anos e não paro.
— Não pare nunca! — gritou um fã.
— Se não me pararem, eu não paro mesmo! — garantiu Xuxa.