O concerto desta quarta-feira (24) será especial para a Orquestra Jovem do Rio Grande do Sul porque dá início às comemorações de 10 anos do projeto que oferece formação musical para estudantes da rede pública de ensino. Mas também será especial porque evidencia a evolução musical destas crianças e jovens entre 10 e 24 anos, que pela primeira vez tocarão uma sinfonia na íntegra. A escolhida é a Sinfonia nº 6 (Pastoral), de Beethoven (1770-1827), grande obra do repertório de concerto que foi utilizada na trilha do filme Fantasia (1940), da Disney.
O programa da apresentação, que começará às 19h, no Teatro do Centro Histórico-cultural Santa Casa, em Porto Alegre, com entrada gratuita, também contará com a abertura da ópera Il Guarany, de Carlos Gomes (1836-1896). As solistas da noite serão duas integrantes da orquestra: Maria Clara Santos da Silva (oboé) e Samara Gerlach Teixeira (violino).
Ainda não foram anunciados os maestros e solistas convidados da temporada, mas entre os compositores que serão apresentados pela orquestra está o brasileiro Villa-Lobos (1887-1959), cuja morte completa 60 anos em 2019. Como é de costume, o conjunto também mostrará, ao longo de 2019, a amplitude de seu repertório, que, além da música de concerto, inclui a popular, a regionalista e a internacional, sempre em arranjos elaborados.
Estarão no palco hoje cerca de 60 músicos, que integram o grupo em estágio mais avançado de aprendizado, mas a Orquestra Jovem conta, ao todo, com cerca de cem participantes. Na quinta (25), às 17h, o grupo intermediário se apresentará na Fundação Pão dos Pobres, também com entrada franca, com outro repertório.
Ensino de música como oportunidade de vida
Diretor artístico do projeto, o maestro Telmo Jaconi avalia que a Orquestra está no caminho entre o formato de uma sinfonietta e uma sinfônica propriamente dita, caso em que precisaria de algo entre 90 e cem músicos no grupo avançado. Ampliar a capacidade é uma meta, mas para isso é necessária turbinar a captação de verba.
— Queremos fazer isso com prudência, porque não podemos comprometer recursos de que não dispomos. Cada participante tem instrumento, professora, aulas, transporte e alimentação. Oferecemos toda essa infraestrutura.
Para chegar a cerca de cem músicos no grupo avançado, Jaconi estima que o número de participantes do projeto no total deveria ser de, no mínimo, o dobro. Ele explica que a Orquestra funciona como uma espécie de "peneira", como são chamadas as seleções de talentos nas escolas de futebol.
Administrado pela ONG Associação Orquestra Jovem do Rio Grande do Sul, o projeto conta com empresas patrocinadoras e aceita doações de pessoas físicas (basta acessar orquestrajovemrs.com.br). A temporada 2019 é apresentada por Banrisul, Unimed Porto Alegre, Da Colônia Alimentos Naturais, Postos Buffon, BRDE, Sidersul, Cartório de Sapucaia do Sul, Secretaria Estadual da Cultura e Ministério da Cidadania. O projeto segue em busca de novos apoiadores para manter e expandir suas atividades, como explica Jaconi:
— Nossa situação não está diferente de outras iniciativas no país, que têm dificuldade de captação.
Para o maestro, o maior motivo de comemoração nesses 10 anos é o objetivo atingido de oferecer uma oportunidade de vida aos jovens músicos:
— É um caminho que talvez eles não tivessem a oportunidade de conhecer sem a nossa participação. A Orquestra os transforma não apenas em músicos profissionais, mas em pessoas de bem. A música trabalha com a sensibilidade, vai no íntimo das pessoas.
ORQUESTRA JOVEM DO RIO GRANDE DO SUL
Nesta quarta-feira (24), às 19h.
Teatro do Centro Histórico-cultural Santa Casa (Av. Independência, 75), em Porto Alegre.
Entrada franca. Retirada de senhas uma hora antes do início na bilheteria do teatro.
Programa: obras de Carlos Gomes e Beethoven.