Uma réplica em tamanho menor do monumento dos poetas Carlos Drummond de Andrade e Mario Quintana está sendo exibida ao público no estande da prefeitura na Feira do Livro de Porto Alegre.
Trata-se de uma maquete feita em resina para impressão em 3D, a partir da obra original realizada pelos escultores Xico Stockinger e Eloisa Tregnago, e localizada na própria Praça da Alfândega.
A peça em miniatura foi desenvolvida por pesquisadores do Laboratório de Design e Seleção de Materiais (LDSM) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
— Fizemos o maior tamanho que cabia na máquina. Demorou umas 14 horas apenas para imprimir — explica o coordenador do laboratório, Fábio Pinto da Silva.
A maquete tátil possui cerca de 20 centímetros de altura por 17 centímetros de comprimento. A impressão tridimensional foi realizada mediante um processo de escaneamento da obra original. A digitalização do monumento levou duas horas para ser concluída pelos envolvidos no projeto. A iniciativa visa preservar o patrimônio histórico e cultural da Capital.
A peça em resina foi digitalizada com o uso de um scanner 3D, o que possibilitou a captura dos dados da superfície do objeto. A partir deles, foi gerada uma malha que permite guardar a geometria ao longo do tempo. E o mais interessante: ela foi desenvolvida se pensando no tema da acessibilidade.
— Nossa ideia é pensar em um projeto para todos, inclusive pessoas com deficiência. Não tem o foco na deficiência, mas na eficiência — detalha o professor de Design da UFRGS Eduardo Cardoso, que ficou responsável pela questão da acessibilidade da maquete.
Recursos adicionais que promovem a acessibilidade para pessoas com deficiência visual acompanham a peça em exibição. Trata-se da audiodescrição da obra, informações em braille e um vídeo explicativo sobre o processo de criação da maquete.
— A gente está mexendo com a memória afetiva das pessoas — acredita o docente.
Alunos do laboratório também auxiliaram no desenvolvimento da miniatura.
— Acho muito interessante para uma cidade repensar sobre o seu patrimônio público — observa o estudante colombiano Felipe Gallego, de 32 anos, dizendo que a ação também é relevante para a literatura brasileira.
A empresa Mil Palavras Acessibilidade Cultural ficou responsável por executar a audiodescrição da maquete.
— Viemos para cá (Praça da Alfândega) entre dois roteiristas de audiodescrição e um consultor. Toda descrição tátil foi feita pelo consultor Rafael Braz, que tem deficiência visual — menciona a coordenadora de produção da Mil Palavras, Letícia Schwartz.
O grupo Com Acesso também auxiliou no quesito relativo à acessibilidade. A Secretaria Municipal de Planejamento e Assuntos Estratégicos (SMPAE) é parceira do laboratório na iniciativa.
A digitalização da peça pode ser vista aqui.
Saiba mais
Recentemente, quatro obras de arte do Palácio Piratini passaram pelo mesmo processo do LDSM. Conforme reportagem feita em junho deste ano por GZH, as obras em questão submetidas ao processo foram a escala menor de O Laçador, a escultura de Bento Gonçalves e o busto de Getúlio Vargas (as três de autoria do pelotense Antonio Caringi), além do busto O Gaúcho, do escultor uruguaio Federico Escalada.
Os pesquisadores já digitalizaram peças integrantes do acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) e do Museu Julio de Castilhos, em Porto Alegre. Além disso, o laboratório desenvolve projetos com o Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo e o Museu de Ciências Naturais da UFRGS.
Para saber mais, acesse o site do laboratório aqui.