Além de expositores, sessões de autógrafos e palestras gratuitas, a Feira do Livro de Porto Alegre cumpre uma função de formar novos leitores. A cada ano, antes de o evento ocorrer, escolas são acionadas pela Câmara Rio-grandense do Livro (CRL) para que escolham ao menos uma obra de um autor que irá participar da edição que se aproxima. Quando as tendas estão montadas na Praça da Alfândega, crianças e pré-adolescentes irão preparados para encontrar o responsável pela história que leram em sala de aula.
Segundo Sônia Zanchetta, produtora responsável pela programação infantil e juvenil do evento há 27 anos, antigamente a Feira não oferecia a chance de as crianças ficarem frente a frente com escritores.
— Até 1997, a Feira basicamente só oferecia teatro para as crianças. Os professores não levavam os alunos preparados para encontrar os escritores. Iam apenas no teatro gratuito. A apresentação terminava e as turmas iam embora. Começamos a trabalhar fortemente para que as escolas aproveitassem mais nosso evento — conta.
O bate-papo entre crianças e escritores tornou-se sólido na programação. Em agosto de cada ano, professores que têm interesse em levar suas turmas para visitar a Feira recebem um formulário indicando em qual atividade desejam se inscrever. A partir disso, são orientados a inserir em sala de aula ao menos uma obra de um autor que estará presente. Os livros precisam ser adquiridos com verba das instituições de ensino.
— É qualquer título do autor, mas tem alunos que leem vários. A criança não pode ir para a feira para encontrar um escritor do qual nunca ouviu falar. Ela tem que chegar lá com a expectativa de encontrar o escritor do livro bacana que ela leu — diz Sônia.
O convite é feito a escolas de Porto Alegre e Região Metropolitana, a maioria pública — segundo Sônia, instituições particulares têm participação muito baixa no evento. Neste ano, cerca de 12,4 mil alunos devem comparecer à Praça da Alfândega até o fim da Feira, em 15 de novembro.
Além da intensa programação para o público mais jovem, a CRL tem um acervo rico em literatura infantil e juvenil para consulta gratuita. São cerca de 8 mil títulos que ficam organizados no sexto andar do Espaço Força e Luz (Rua dos Andradas, 1.223), no Centro Histórico, a poucos metros da Praça. Os exemplares somente podem ser lidos no local.
— É a nata da literatura nacional para crianças e jovens. São títulos muito bons que as editoras nos mandam ou que são cedidos por autores que irão participar da Feira. Os professores e as famílias com crianças podem ir lá, ler e fazer consulta, mas não é possível retirar — diz Sônia.
Durante a programação da Feira do Livro, o acervo infantil e juvenil funciona diariamente, de segunda a sábado, das 9h às 20h, e aos domingos e feriados, das 13h às 20h. Quando o evento se encerrar, a previsão é que o espaço siga abrindo ao público, embora o expediente ainda não esteja definido.
A Feira do Livro de Porto Alegre também tem projetos para estimular a leitura em adolescentes que cumprem pena socioeducativa. A Feira vai à Fase promove encontro desses jovens com escritores. Neste ano, José Falero, autor de títulos como Os Supridores (2020), fará um bate-papo virtual no dia 13 de novembro com os jovens apenados. E na etapa chamada A Fase vai à Feira, 50 meninos vão à Praça com autorização judicial para se encontrar com um autor — neste ano, será Duda Falcão, que os receberá nesta quinta-feira (9).