Entre balaios, bancas e jacarandás em flor, a 69ª Feira do Livro de Porto Alegre entra no quinto dia. Nesta terça-feira (31), com decoração de Halloween, as pessoas circulam pelos corredores em busca do autor ou do livro preferido. O movimento é mais consistente no pavilhão de autógrafos, onde há escritores à disposição dos visitantes, seja para uma simples conversa informal, seja para dar uma "canja" sobre o processo criativo.
O atendente Pablo Volmi, 22 anos, estava com chapéu de mago na banca da AJR. Os demais colegas também usavam o adereço do Dia das Bruxas.
— Por enquanto, a criançada está levando os livros da linha Dark Side (conhecida por oferecer títulos de terror e fantasia). Os adolescentes estão comprando bastante — assegura o vendedor.
O casal de peruanos Domingo Moura, 65 anos, e Angela Burga, 60, visita Porto Alegre pela primeira vez. Os dois, que também estiveram em Gramado, moram há 25 anos em Manaus, no Amazonas. Eles estavam felizes enquanto escolhiam livros para os netos na Feira, inclusive já tinham na sacola três exemplares.
— Observamos os livros e depois compramos os que nos interessam — diz Moura, que é médico cardiologista.
— Tudo é muito interessante. Hoje em dia, as crianças não precisam mais ir na biblioteca — observa Angela, psicóloga.
Às vezes, o silêncio na Praça da Alfândega é abruptamente interrompido pelo pipoqueiro que, como um vendedor nato, grita: "Melhor pipoca da Feira! Aqui tem a melhor pipoca da Feira!" Em outros momentos, começa uma balbúrdia. Ninguém sabe exatamente de onde vem. Mas quando se percebe, dezenas de crianças em fila invadem o espaço e descobrem este mundo à parte da literatura. Trata-se das excursões das escolas, o que sempre dá um colorido especial e espalha alegria pelos corredores.
O aposentado Luiz Bilhalva, 67 anos, deu uma escapada de seus compromissos e decidiu visitar a Feira.
— Fazia muito tempo que eu não vinha e estava passando por aqui. Resolvi olhar — conta, mostrando o livro A Construção da Maldade — Como ocorreu a destruição da segurança pública brasileira, que havia comprado.
O estudante de graduação Eduardo Hippler, 18 anos, costuma frequentar o evento e passear pelos espaços cheios de obras variadas.
— Gosto de ver os livros e muito da área da sessão dos autógrafos — compartilha. — Venho para a Feira com alguns livros em mente, mas também vejo se encontro algo interessante para comprar.
Mesmo que o visitante não compre um único livro, o encontro com a vida, "essa palavra tudo", como certa vez escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade, será surpreendente. Por que a Feira do Livro é tudo isso. E muito mais.