Do TikTok para a Praça da Alfândega. Aos 42 anos, a escritora norte-americana Colleen Hoover é sensação nas redes sociais e o maior fenômeno editorial da atualidade. Com seus romances, ela tem angariado fãs pelo mundo, que adotaram a alcunha "CoHorts". Hoje, é a autora mais vendida nos Estados Unidos. O que se reflete também na Feira do Livro de Porto Alegre deste ano: Colleen é o momento.
Quem caminhar pela Praça da Alfândega e observar as bancas que trabalham com títulos pop inevitavelmente vai visualizar alguma obra da escritora em destaque. São livros como É Assim que Começa; É Assim que Acaba; Uma Segunda Chance; O Lado Feio do Amor e Novembro, 9, entre outros, publicados no Brasil pelo selo Galera da editora Record.
É como se fosse uma aposta segura nas vendas na Feira. O livreiro Guima Beinecke, da livraria Entrelinhas, destaca:
— É uma autora bastante peculiar. Tem uma enxurrada de livros. Na livraria, a gente nunca tem menos de 10 títulos dela.
Juliana Duarte, livreira da banca da AJR Distribuidora, atesta:
— É Assim que Começa é o livro que mais temos vendido. Em média, por dia, saem uns sete ou oito exemplares. Colleen vendeu sempre superbem, mas o TikTok a ajudou bastante. A diferença agora é a faixa etária. Antes, o público a partir dos 18 anos procurava mais. Agora, a partir dos 12 já estão procurando também.
É comum atribuírem seus livros a essa faixa estária, embora sua parcela maior de leitores esteja entre os 18 e os 26 anos.
— Colleen fica na área de romance infantojuvenil — aponta Guilherme Barcelos, atendente da Livraria Cervo. — Ela vende bastante. Há uma parte dedicada a ela aqui na banca.
Quem é Colleen Hoover
Com mais de 20 títulos publicados desde 2012, Collen é uma escritora prolífica. E também eclética: suas temáticas permeiam romance, violência doméstica, drogas, miséria, relacionamentos tóxicos, abuso psicológico, luto, sexualidade, entre outras. Nas narrativas da autora, é possível encontrar sempre drama, sexo e reviravoltas surpreeendentes, com linguagem ágil e sensibilidade que fisgam quem lê.
É Assim que Começa é seu lançamento mais recente na Feira e hoje ocupa o primeiro lugar da lista de mais vendidos de ficção do The New York Times. Trata-se da continuação de seu maior sucesso, É Assim que Acaba, de 2016, que ocupa o terceiro posto entre os best-sellers do jornal. Segundo o PublishNews, é o livro de ficção mais vendido no Brasil em 2022. Essa série série é protagonizada por Lily, uma jovem que se mudou para Boston e se envolve numa relação complicada com Ryle, um neurocirurgião arrogante. Até que reaparece Atlas, seu primeiro amor. Parece simples e remetendo a uma novela mexicana se contada assim, mas a trama apresenta uma turbulência envolvente, explorando temáticas sensíveis. É Assim que Acaba está previsto para virar filme, com direção de Justin Baldoni.
No total, quatro obras de Colleen ocupam o top 15 da lista do New York Times, incluindo também Verity (em quinto lugar), de 2018, e O Lado Feio do Amor (em nono). Segundo informações do NPD BookScan, Colleen vendeu mais de 8,6 milhões de livros em 2022, só nos Estados Unidos — mais cópias do que a Bíblia, como observou o Times.
Este ano, a autora ultrapassou a marca de 2 milhões de exemplares vendidos no Brasil, de acordo com o Grupo Record — mais do que a somatória de suas vendas de 2020 e 2021. A editora informou a GZH que o best-seller É Assim Que Acaba já acumulou, em 2022, mais de 600 mil exemplares vendidos no país. Aliás, tanto É Assim que Começa quanto É Assim que Acaba figuram, respectivamente, no topo da lista de mais vendidos da Veja.
Moradora do Texas, casada com um caminhoneiro e mãe de três filhos, Colleen trabalhava como assistente social quando lançou Métrica, seu primeiro romance para jovens adultos, em 2012. Seu livro de estreias saiu de forma independente. Gradativamente, as vendas foram aumentando conforme resenhas positivas ou vídeos reagindo à obra pipocavam na web. Quando lançou Pausa (2012), continuação de Métrica, Colleen pôde deixar o emprego para se dedicar à escrita, algo que ela praticava e sonhava desde a infância.
Em 2015, veio ao Brasil, para a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, causando comoção similar a uma popstar. Ano a ano, Colleen foi se consolidando como uma escritora de sucesso comercial contundente e eclética, com uma boa base de fãs. Só que com a era TikTok e a pandemia a escritora cresceu ainda mais.
Na plataforma, diferentes influenciadores passaram a elogiar o trabalho de Colleen em vídeos voltados para o entretenimento e a literatura – universo dentro do TikTok que é chamado de "Booktok". Para se ter uma ideia, a hashtag #colleenhoover acumula mais de 2,7 bilhões de visualizações na rede social. Aliás, é comum usuárias da plataforma postarem vídeos reagindo emocionadas a trechos de livros da escritora, compartilhando suas lágrimas. É a rainha do Booktok.
Todos os virais e conteúdos sobre Colleen nas plataformas digitais ajudaram a dar um empurrão extra em uma carreira ascendente. Logo, seu sucesso nas bancas na Feira do Livro de Porto Alegre não é por acaso: há um boca a boca virtual.