O gaúcho Antônio Xerxenesky, autor de Uma Tristeza Infinita, e a paulista Rita Carelli, autora de Terrapreta, são os vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura 2022. Cada um levará R$ 200 mil, o maior valor entre as premiações literárias do país. Xerxenesky ganhou na categoria de melhor romance publicado em 2021, e Rita, na de melhor romance de estreia do ano passado.
A obra de Xerxenesky , que também é editor e tradutor, foi publicada pela Companhia das Letras. A narrativa se passa em 1952, em um mundo que ainda reverbera as consequências da Segunda Guerra Mundial, e é centrada em Nicolas. Ele é um psiquiatra francês convidado para trabalhar em um pequeno vilarejo, na Suíça, onde há um hospital psiquiátrico conhecido por utilizar métodos humanizados para tratar seus pacientes.
É nesse contexto que surge a clorpromazina, antipsicótico aplicado no tratamento de pacientes esquizofrênicos. O fármaco demonstra ser eficaz com alguns internos do hospital, sendo festejado como um milagre, o que deixa Nicolas em dúvida a respeito de sua própria função.
Ele é casado com Anna, uma jornalista que começa a se interessar cada vez mais pela física e pela ciência, empolgada com as descobertas da época. Ao mesmo tempo, ela passa a perceber que a melancolia está se apossando do marido. Os dois começam a travar diálogos em que, de um lado, ele defende a metafísica e a psicanálise, enquanto ela toma lado do racional e do científico.
Já Rita, que também tem carreira no cinema e no teatro, publicou pela editora 34. O livro Terrapreta traz a história de uma adolescente de São Paulo que é obrigada a se mudar para uma comunidade indígena no Alto Xingu, onde seu pai trabalha como arqueólogo.
O Prêmio São Paulo de Literatura chegou a sua 15ª edição. Neste ano, teve um recorde de inscrições, com 317 candidaturas. O júri foi composto por Carlos Herculano Lopes, Edimilson de Almeida Pereira, Nanni Rios, Érico Nogueira, Irineu Franco Perpetuo, Julie Dorrico, Kelvin Falcão Klein, Lucrecia Zappi, Cidinha da Silva e Rita Chaves.