Um dos mais celebrados romances latino-americanos, Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez, vai virar uma série da Netflix com "cerca de 20 horas distribuídas em três temporadas". As informações foram anunciadas por Rodrigo García Barcha, filho do escritor e produtor executivo do projeto, durante uma sessão do 8º Festival Gabo, que está ocorrendo virtualmente até sexta-feira (11).
— Ainda não está totalmente decidido, mas acho que serão três temporadas de oito, seis e oito horas. Algo por aí — disse Rodrigo em um bate-papo com o diretor chileno Andrés Wood e o crítico de cinema colombiano Samuel Castro.
Lançado em 1967, Cem Anos de Solidão já recebeu diversas propostas de adaptação cinematográfica. No entanto, o autor, morto em 2014, nunca aceitou vender os direitos da história, já que a considerava impossível de ser condensada no tempo de um longa-metragem.
— Gabo, em seus romances, tem muito pouco diálogo. E quando seus personagens falam, o fazem de forma muito contundente, lapidar e poética. E o cinema não suporta isso. Não podem todos estar falando como se fossem deuses — concordou Rodrigo, afirmando que no caso da obra do pai, os showrunners precisam "assumir o livro". — Só dá certo se o diretor tiver uma visão universal do que está fazendo na adaptação. É preciso ter certas liberdades, caso contrário não funciona — acrescentou.
O roteiro da série, que será produzida em língua espanhola, está a cargo do porto-riquenho José Rivera, conhecido por suas adaptações cinematográficas de Diários de Motocicleta e Na Estrada. De acordo com o filho de García Marquez, a produção da Netflix tem mudanças estruturais em relação ao romance.
— Rivera fez algumas mudanças que não estão reinventando nada. É muito parecido com o romance. Mas ele fez algumas coisas estruturais, muito inteligentes, que não vão ser alarmantes. Ele é muito fiel ao livro — garantiu.
Em outro bate-papo durante o evento em homenagem ao pai, García Barcha garantiu que o roteiro do primeiro episódio já está pronto.
— Gabo disse uma vez que se Cem Anos de Solidão não fosse um romance, ele teria feito muitos filmes em vez de escrever o livro. Felizmente, ele falhou nisso — disse na ocasião.