A trajetória do bairro que ensinou Porto Alegre a ser jovem é o fio condutor de História de um Bom Fim, livro que o historiador Lucio Fernandes Pedroso lança em evento no bar Ocidente, nesta quarta-feira. Pedroso trabalhou como pesquisador para o longametragem documental Filme sobre um Bom Fim (2015), de Boca Migotto. O trabalho também serviu para que ele finalizasse sua dissertação de mestrado em História sobre o bairro, agora reformulada neste livro publicado em edição independente com recursos do Fumproarte.
História de um Bom Fim, como o nome já deixa claro, não é a história “do” Bom Fim, mas um recorte sobre um período e um aspecto da vida urbana do bairro. As origens do Bom Fim e seu caráter de vizinhança dos imigrantes judaicos são apenas esboçados. O que o livro está preocupado em registrar é como, a partir dos anos 1970, o bairro vai gradativamente se tornando o centro gravitacional para uma juventude ávida por se expressar por meio da transgressão comportamental e da arte.
– Quando comecei a pesquisar, tinha consciência de que falava de um momento que já havia acabado. Mas quem viveu a movimentação no Bom Fim daquele período tem um apego e um afeto muito grande pelas suas vivências no bairro, mostrando que aquilo foi uma coisa única na cidade – comenta Pedroso.
História de um Bom Fim é estruturado em três grandes capítulos que seguem a progressão da vida boêmia do bairro ao longo de três décadas. As primeiras manifestações de uma boemia transgressiva e politicamente engajada destacam a Esquina Maldita, no cruzamento entre Osvaldo Aranha e Sarmento Leite, com bares como Alaska, Marius e Copa 70. Passa pela mudança do centro de gravidade do bairro para a frente da Redenção e a Osvaldo Aranha, após a abertura do bar Ocidente, em 1980. E o auge e a queda daquela cena entre meados dos anos 1980 e começo dos 90 devido aos embates com a vizinhança e a fiscalização das autoridades.
– Depois a boemia muda de lugar e se torna mais segmentada. As pessoas no Bom Fim se misturavam, havia uma ideia de que era uma cena única, um espaço único de arte e identidade. Não vejo esse desenho hoje – diz o autor.
Fiel ao espírito do bairro abordado na obra (que já teve uma primeira sessão de autógrafos durante a Feira do Livro), o lançamento na quarta-feira será com festa no Ocidente, embalada ao som da Elétrica Ótica, superbanda com expoentes do rock gaúcho formada por Tchê Gomes (TNT/Tenente Cascavel), Carlinhos Carneiro (Bidê ou Balde/Império da Lã), Zé Natálio (Papas da Língua), Leonardo Boff (Ultramen) e Rodrigo Fischmann (Dingo Bells), além de convidados.
História de um Bom Fim
- Edição do Autor, 216 páginas, R$ 40
- Lançamento na quarta-feira (18), a partir das 21h, em festa no Ocidente (João Telles esquina com Osvaldo Aranha).
- Show da banda Eletrica Ótica. Ingressos a R$ 20 (promocional) e a R$ 35 na hora, à venda na bilheteria ou no site gzh.rs/bomfimzh.