Em 2023, a tradição anda ao lado da novidade no Porto Verão Alegre. O festival multicultural retorna em seu 24º ano para uma edição festiva, a partir desta terça-feira (10), com uma maior diversidade de atrações, oriundas de diferentes regiões e até mesmo de outro país. Até 12 de fevereiro, 124 atrações passarão por 15 espaços de Porto Alegre, com destaque para peças de diversos gêneros, shows, apresentações de stand-up comedy, filmes, performances artísticas e muito mais.
Sem abandonar os clássicos, o festival aposta em 75 espetáculos que estarão pela primeira vez na grade da programação — superando o número de peças que tornam a participar do evento. Além disso, cinco espetáculos escolheram o Porto Verão Alegre para fazer sua estreia absoluta: Corra, as Palhaças Vêm Aí!, A Partilha, Quase Aleatório, Na Real Não Presta e o stand-up de Léo Oliveira.
Para Rogério Beretta, idealizador e organizador do festival ao lado do colunista de GZH Zé Victor Castiel, é importante manter a tradição de espetáculos, mas é igualmente importante a novidade, para continuar atendendo ao público fiel — e ele garante que esta edição está recheada delas.
Sendo assim, os organizadores optaram também por trazer espetáculos de fora do Estado para complementar a variedade de atrações. Essas obras, que usualmente ficavam restritas a duas ou três, neste ano chegam a 25, com destaque para a participação de um espetáculo italiano, Tranquilli.
Tendo em vista que as últimas edições do evento foram afetadas pela pandemia, sendo realizadas virtualmente ou com público reduzido, o tema da edição de 2023 não poderia ser outro: o festival se pauta no reencontro entre as pessoas e a arte, celebrado pela presença nas ruas e em espaços como os teatros.
— Depois de todo esse tempo de pandemia, a gente imaginou que as pessoas estariam muito carentes de socializar, de se reencontrar com os programas habituais. Esse reencontro foi o que direcionou para uma variedade grande de atrações deste ano — explica Beretta, destacando que os organizadores também sentiram falta de promover um festival normal.
Cerca de 50 mil pessoas são esperadas ao longo dos 34 dias de festival, que contarão com programações em diferentes turnos e dias da semana, de modo a permitir a participação de um maior número de espectadores.
Casa cheia
A procura pelo evento já reflete a ansiedade para o tão aguardado reencontro, com o público chegando a esgotar algumas sessões antes da virada do ano. As expectativas estão altas, segundo Beretta.
— As pessoas estavam querendo muito, e nós estamos muito felizes. O sonho de todo artista é ter casa cheia, e este ano todo mundo vai ter um belo público — avalia.
Buscando atingir mais gostos e estilos, o evento também terá como novidade este ano uma programação ainda mais diversificada, com arte, cinema, dança, performance e vastas opções de shows e musicais.
O público poderá escolher entre categorias, identificadas por cores:
- Comédia / Stand-up Comedy / Clown
- Clássicos do festival
- Infantis / Mágica
- Cult / Literatura / Biográficos / Drama
- Contestação / Experimentais / Espíritas
- Musicais / Dança / Performance
- Shows de música
- Educação / Oficinas
- Experiências / Demais atividades
Os espetáculos estarão espalhados pela cidade, em espaços tradicionais, como o Theatro São Pedro, a Casa de Cultura Mario Quintana, o Teatro da AMRIGS, o Teatro de Arena, entre outros; e, inclusive, fora dela, no Teatro do SESC, tanto em Porto Alegre quanto em Canoas. Alguns bares, como o Ocidente e o Bar do Nito, também integram o circuito do festival.
Centros culturais como o Farol Santander e o Instituto Ling também se juntam à programação, com shows, como o das Inquilinas, nesta quinta-feira (12), que celebram Gal Costa em uma homenagem de artistas gaúchas de diferentes estilos musicais a uma das maiores cantoras brasileiras; e o de Ney Matogrosso e Duda Brack (artista gaúcha radicada no Rio de Janeiro), que encerram a programação especial musical, em 8 de fevereiro. Os locais também recebem outros eventos, como a Art Battle, maior competição de pintura ao vivo do mundo, no dia 18 de janeiro, e o Sarau Voador - Nas Pegadas de Bebeto Alves, nos dias 25 e 26.
O público também poderá participar da iniciativa Cine Soar, que consistirá em uma exibição experiencial sonora de cinema, com intervenções de bandas e músicos gaúchos ao vivo durante exibições de filmes também gaúchos. Além disso, em meio a uma programação para os adultos, haverá sete peças direcionadas especialmente para as crianças.
E mesmo tendo superado as dificuldades da pandemia, a produção optou por oferecer ainda virtualmente alguns espetáculos, gratuitos, para que o público do Interior e de outras capitais possa experimentar um gostinho do festival e motivar-se a vir prestigiá-lo.
Reverência aos clássicos
Embora as diversas novidades sejam atrativos desta edição, um dos grandes destaques continua sendo os espetáculos tradicionais, que participam de todas as edições do evento, como os clássicos Bailei na Curva, Homens de Perto, Guri de Uruguaiana, Cris Pereira, Pq Casamos?!, entre tantos outros:
— Muitos deles só fazem temporadas atualmente no Porto Verão Alegre. Esses espetáculos são os que mantêm o projeto vivo há tanto tempo, e a gente é muito grato a eles. Eles seguraram o evento mesmo em época de pandemia, quando não tinha verba para pagar cachê para os grupos, e seguraram porque são muito bem recebidos pelo público. Eles nos ajudaram em toda a trajetória, e não podemos esquecer deles — frisa Beretta.
Vinte e quatro anos após ter sido criado como um pequeno projeto de sobrevivência, para garantir trabalho ao setor em Porto Alegre no verão — uma época em que não se conseguia público para espetáculos —, o Porto Verão Alegre hoje emprega diretamente 2 mil pessoas e, indiretamente, cerca de 5 mil. O evento, que contou com o apoio da classe artística, da comunidade e de empresas para se desenvolver, foi o pontapé inicial de diversos espetáculos que se tornaram populares. Devido à persistência, tornou-se um festival eclético de expressão artística, reconhecido nacionalmente.
— Movimenta muito a economia, a autoestima da classe artística, porque é importante ter momentos do ano em que tu sabe que vai poder trabalhar e ter casa cheia, uma estrutura — orgulha-se Beretta, que também continua trabalhando como ator no projeto desde a primeira edição, assim como o sócio.
Os ingressos para os espetáculos custam R$ 40 (inteira), exceto quatro atrações que não se enquadram na Lei de Incentivo à Cultura e custam R$ 110 (inteira). Vale destacar que a produção conseguiu manter os valores pré-pandemia. Detalhes sobre a programação e os espetáculos estão disponíveis no site do evento.
Confira outros espetáculos que estreiam no Porto Verão Alegre 2023
Comédia
- Deus me Live de Você - 18 e 19/01, 21h, no Bar Ocidente - Comédia escrita e protagonizada por Renato Del Campão, que aborda com linguagem ácida a relação entre a mãe viúva e neurotizada pelo abandono durante a pandemia e seu filho único desaparecido e ausente desde a partida do pai.
- Corra... As Palhaças Vêm Aí! - 31/01, 1 e 02/02, 20h, no Teatro Bruno Kiefer - Direção de João Carlos Castanha e Lauro Ramalho. Os atores, em dupla pela primeira vez, revisitam seus mais de 40 anos de atuação em um projeto que faz uma análise e um pequeno histórico de suas carreiras.
- A Partilha - 10, 11 e 12/02, 20h, no Teatro Bruno Kiefer - Texto de Miguel Falabella, direção de Marcos Kligman. Quatro irmãs precisam fazer a partilha dos bens da mãe, só que elas são completamente diferentes umas das outras.
Drama
- Inércia - 01 e 02/02, 20h30min, na Sala Carlos Carvalho - Completando 15 anos de carreira, o diretor, ator e pesquisador Ricardo Zigomático estreia seu primeiro monólogo. Fala sobre a depressão, o cansaço de nossa sociedade de consumo e a inércia que nos mantém em movimento mesmo estando parados.
- Diálogos Rasgados - 07, 08 e 09/02, 20h, na Casa de Espetáculos - Escrita e dirigida por Patsy Cecato. Revelações sobre nós mesmos acontecem no diálogo com outro através de argumentos, acusações, crenças, obsessões e gatilhos. Peça com 12 cenas de diálogos do nosso tempo, diálogos curtos que não fazem sentido, que não importam, quase cruéis.
Humor
- Na Real Não Presta - 11/01, 21h, no Teatro da AMRIGS - Diretamente do Pretinho Básico, RaphaeL a Gomes, Rafinha Menegazzo e Pedro Espinosa formam um trio improvável, com um show cheio de interação com o público e muito humor.
- Nando Viana - 22 e 23/01, 21h, no Teatro da AMRIGS - Chega aos palcos o novo resumo da vida desse gaúcho que, com mais de 10 anos de carreira, promete continuar entregando as histórias mais engraçadas que acontecem com ele diariamente. O apanhado vai desde a experiência de ser pai até sua participação no fenômeno de audiência A Culpa é do Cabral.
- Bruna Louise - Novo show - 06/02, 21h, no Teatro da AMRIGS - Bruna segue o seu propósito de fazer a plateia gargalhar, mas também empoderando e combatendo os preconceitos, julgamentos e escolhas que tentam fazer por ela.