Depois de ser adaptada para o cinema por Jayme Monjardim há dois anos, em longa-metragem com Dan Stulbach e César Troncoso, a trilogia O Vendedor de Sonhos chega ao teatro. A primeira versão para o palco de um best-seller do escritor e psiquiatra Augusto Cury terá estreia nacional nesta sexta (20) no Teatro do Sesi, em Porto Alegre. No sábado (21), haverá sessão em Lajeado e depois a produção segue para outras cidades.
O Vendedor de Sonhos, a peça, traz Mateus Carrieri no papel de Júlio César, um homem que tenta cometer suicídio, mas é impedido por um mendigo conhecido como Mestre (Luiz Amorim). Junto com o bêbado Bartolomeu (Adriano Merline), eles vão procurar curar a sociedade doente. Também integram o elenco Marcos Veríssimo, Maurício Colatoni, Anisha Zevallos, Guilherme Carrasco e Fernanda Mariano. A diretora Cristiane Natale explica que a estreia nacional será na capital gaúcha porque foi onde nasceu a ideia do espetáculo:
– Li o livro há uns dois anos, quando saiu o filme, e fiquei encantada. Na ocasião, pensei que daria um bom espetáculo. Mas, com a correria, ficou só no pensamento. Até que, em 2017, em turnê pelo Sul, conheci o produtor Luciano Cardoso e, sabendo que ele fazia palestras do Augusto Cury, comentei: "Por que você não fala com ele?". O fato surpreendente foi que o Dr. Augusto Cury já havia manifestado desejo de ver uma de suas obras no palco.
Cristiane acredita que o teatro tem uma potência para agregar pessoas que é "excepcional":
– Por curiosidade, por afinidade, por entretenimento, as pessoas comparecem. Sempre carregam consigo uma mensagem, mesmo que seja como uma pincelada indelével.
Personagem ainda está em construção
Já o ator Mateus Carrieri conta que preferiu não ver o filme, concentrando seu trabalho no teatro. Para ele, o personagem Júlio César reflete questões presentes na atualidade:
– A questão do Júlio Cesar é uma dúvida muito moderna e pertinente aos dias de hoje. Ser ou ter. Ter e não aproveitar. O importante é o fim do caminho ou a caminhada? Todos os dias nos pegamos em situação de escolhas desse tipo.
Carrieri acredita que seu personagem ainda está em construção e assim seguirá depois da estreia em Porto Alegre:
– Com a reação do público com seu drama, ainda perceberei como o fato de uma pessoa querer se suicidar mexe com as pessoas. Procurei personagens deprimidas, pessoas que tiveram perdas, falências, mortes de entes queridos, filhos drogados. Tem uma série, True Detective, em que o personagem do Matthew McConaughey faz um cara meio assim.
Entrevista com Augusto Cury: "Não conhecemos o planeta mente"
Por que muitas vezes entramos em crise de consciência sobre as coisas que devemos valorizar na vida, como ocorre com os personagens de O Vendedor de Sonhos?
Porque vivemos em uma sociedade altamente ansiosa, consumista e saturada de informações, que nos impele a viver uma vida esterilizante. Ou seja, conhecemos cada vez mais o mundo em que estamos, do pequeno átomo que nunca veremos ao imenso espaço em que nunca pisaremos, mas não conhecemos o planeta mente, não conhecemos os bastidores do território da emoção e como devemos proteger nossa psique para ter qualidade de vida nessa sociedade altamente estressante. O fato de sermos bombardeados com estímulos sobre o mundo em que estamos e conhecer muito pouco o mundo que somos leva-nos a uma crise de consciência com frequência.
Na sua opinião, qual é a grande doença do século 21?
Muitos pensam que é a depressão a doença do século 21, mas na minha opinião é a ansiedade. O paradoxo é: nunca tivemos uma indústria do lazer tão poderosa, mas nunca mendigamos o pão da alegria como estamos mendigando; nunca tivemos uma medicina tão avançada e nunca adoecemos tanto no território da emoção. Portanto, a peça teatral O Vendedor de Sonhos é um paradoxo porque mostra que, na verdade, nós temos sido vendedores de pesadelos. Pais têm sido vendedores de pesadelos para os seus filhos, professores para os seus alunos e colegas de trabalho para os seus pares.
Como o senhor avalia a experiência de adaptar para o teatro uma obra sua? O que o teatro tem de mais especial?
Fico muito feliz de saber que uma das minhas obras está sendo adaptada para o teatro. Participei diretamente do texto com duas roteiristas maravilhosas (Erikah Barbin e Cristiane Natale). Enfim, adaptar uma obra minha e ver os atores participando, vivenciando os personagens que construí nas mais diversas situações estressantes em que eles passaram, vivenciaram, e levando o espectador a fazer uma viagem para dentro de si mesmo para encontrar o mais importante endereço que poucos encontram, o endereço em sua própria mente, é de fato um grande prazer.
O VENDEDOR DE SONHOS
Classificação: 12 anos. Duração: 90 minutos.
Em Porto Alegre:
Nesta sexta-feira (20), às 20h30min.
Teatro do Sesi (Av. Assis Brasil, 8.787), em Porto Alegre.
Ingressos em 1º lote: mezanino a R$ 50 (solidário, com doação de um quilo de alimento não perecível na entrada da peça) ou R$ 80 (inteiro); plateia alta a R$ 60 (solidário) ou R$ 100 (inteiro); e plateia baixa a R$ 70 (solidário) ou R$ 120 (inteiro).
À venda no site blueticket.com.br (com taxa) e nas lojas Multisom (Rua das Andradas, 1.001; e shoppings Bourbon Ipiranga, Praia de Belas, Iguatemi e BarraShoppingSul).
Em Lajeado:
Neste sábado (21), às 20h30min.
Teatro Univates (Rua Avelino Talini, 171 – Bairro Universitário – Lajeado/RS)
Ingressos em 1º lote: mezanino a R$ 40 (solidário, com doação de um quilo de alimento não perecível na entrada da peça) ou R$ 60 (inteira), plateia alta a R$ 50 (solidário) ou R$ 80 (inteiro) e plateia baixa a R$ 60 (solidário) ou R$ 100 (inteiro).
À venda no site blueticket.com.br (com taxa) e no Teatro da Univates.