Após estrear nos cinemas brasileiros em fevereiro, o longa argentino O Mal que Nos Habita entrou no catálogo da Netflix na semana passada. A produção de Demián Rugna já figura na lista dos 10 mais vistos da plataforma de streaming. Com cenas chocantes dignas de deixar marcas no público, o terror conta a história de dois irmãos que tentam salvar a família e a cidade de uma ameaça diabólica.
Na história, Pedro (Ezequiel Rodríguez) e Jimi (Demián Salomón) encontram um homem mutilado perto da sua casa e descobrem que o corpo está infectado pelo diabo e prestes a dar à luz a um demônio. Eles levam o morto em uma caminhonete – contrariando as autoridades, que determinaram que apenas exorcistas experientes poderiam lidar com casos como aquele.
No caminho, o corpo cai e se perde, passando a espalhar as forças demoníacas pela cidade. Os habitantes do município rural tentam fugir, mas já é tarde demais. O mal infecta a população como um apocalipse zumbi. Pedro e Jimi tentam resgatar seus familiares o mais rápido possível.
Juntam-se ao elenco nomes como Silvina Sabater, Luis Ziembrowski, Marcelo Michinaux, Virginia Garófalo, Emilio Vodanovich e Federico Liss. A recepção entre o público foi positiva: no agregador de críticas Rotten Tomatoes, a aprovação foi de 97%. As resenhas especializadas no Metacritic somaram a média de 75, enquanto usuários do International Movie Database (IMDb) classificaram o filme como nota 7.
Por trás da produção
O diretor Demián Rugna concedeu uma entrevista exclusiva ao colunista de GZH Ticiano Osório, na qual comentou sobre suas inspirações para o filme.
— Uma delas é a minha visão sobre como os meios de comunicação e as redes sociais fazem com que as pessoas sintam ódio e espalhem esse ódio de uma forma tão rápida. Sempre tive vontade de escrever uma história sobre como um meio de comunicação pode nos alienar e levar-nos à loucura a ponto de machucarmos a nós mesmos. Depois, muitas ideias que tinha na cabeça, em relação a esse roteiro, culminaram neste filme, que traz essa ideia de loucura contagiosa e de manipulação das mentes das pessoas — contou.
Rugna também comentou sobre a realidade que a Argentina enfrenta com os pesticidas nas plantações. Para o cineasta, os riscos dos produtos químicos podem ser comparados aos dos demônios dos filmes:
— Também há muita inspiração no que vejo acontecer com as populações afetadas pelas fumigações no meu país, as pulverizações com pesticidas feitas indiscriminadamente e que produzem doenças. Muita gente no interior, muitos trabalhadores do campo sofrem com essas doenças, então sempre pensei em como seria para uma família muito pobre, no meio do nada, estar doente por causa disso. Certa vez imaginei o que aconteceria se, em vez de uma doença, fosse um demônio. E o que aconteceria com a sociedade se, em vez de uma doença, houvesse um demônio? — respondeu.