Marcelo Perrone
Dois momentos do filme O Primeiro Homem são ilustrativos de como Neil Armstrong (1930–2012) transfigurava-se em um monolito diante das mais duras provações físicas e emocionais. Tanto na entrevista coletiva que antecede à decolagem da Apollo 11 rumo à Lua quanto na relutante conversa com os dois filhos pequenos, ciente da razoável possibilidade de ser a última, Armstrong exibe a frieza e o desconforto de quem não consegue expressar qualquer outro sentimento que lhe tire o foco da histórica missão que comandará nas próximas horas. A precisa combinação de expertise no ofício e equilíbrio emocional, cérebro e fibra, fizeram do astronauta de 38 anos o melhor entre os melhores pilotos que os Estados Unidos preparavam ao longo dos anos 1960 para saltar à frente na corrida espacial que disputavam, até então em desvantagem, com a União Soviética.