Anunciada esta semana, a lista de concorrentes às estatuetas na 90ª edição do Oscar apresenta a tradicional combinação de certezas, omissões e curiosidades. Ao mesmo tempo em que chancela filmes e nomes que vêm se destacando na temporada de prêmios, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas tem buscado ampliar a presença na festa de Hollywood de profissionais que ilustrem uma maior diversidade racial e sexual – desequilíbrio que nos últimos anos rendeu críticas não apenas ao Oscar, mas também a toda a cadeia produtiva de Hollywood.
Saiba mais sobre algumas personalidades que se destacam no esquenta para a festa marcada para o dia 4 de março, em Los Angeles.
Veja onde assistir aos filmes indicados ao Oscar em bit.ly/oscarassistir
A ainda estreante presença feminina
Conhecida por seu trabalho como atriz e roteirista em filmes como Frances Ha, Greta Gerwig desponta como diretora com Lady Bird: É Hora de Voar, seu primeiro longa-metragem solo — ela codirigiu com Joe Swanberg Nights and Weekends (2008). Greta faz história no Oscar 2018 como a quinta mulher indicada à estatueta de melhor direção, depois de Lina Wertmüller (Pasqualino Ste Belezas, 1975), Jane Campion (O Piano, 1993), Sofia Coppla (Encontros e Desencontros, 2003) e Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror, 2008). Premiada na cerimônia de 2010, Kathryn é a única mulher vencedora da categoria. Lady Bird concorre ainda como melhor filme, atriz (Saoirse Ronan), atriz coadjuvante (Laurie Metcalf) e roteiro original (de Greta).
Com quatro indicações, Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi traz em seus créditos marcas importantes. Sua diretora e roteirista, Dee Rees, é a primeira mulher negra a indicada ao Oscar de roteiro adaptado. Rachel Morrison é a primeira mulher indicada em direção de fotografia. E a rapper Mary J. Blige tem duas indicações, melhor atriz coadjuvante e melhor canção (Mighty River) – é a primeira vez que uma mulher negra é indicada duas vezes no mesmo ano e a primeira vez que uma pessoa é indicada ao Oscar de atuação e canção pelo mesmo filme.
Para fazer história
Jordan Peele, de Corra!, é o quinto cineasta negro indicado aos Oscar de melhor direção, após John Singleton (Os Donos da Rua, 1991), Lee Daniels (Preciosa,2009), Steve McQueen (12 anos de Escravidão, 2013, vencedor como melhor filme em 2014) e Barry Jenkins (Moonlight, 2016, melhor filme em 2017). Peele pode entrar para a história do Oscar como o primeiro diretor negro a vencer na categoria. E mais: concorre também a melhor filme (é um dos produtores de Corra!) e roteiro original. Seu protagonista na trama de horror cômico, que fala justamente do racismo entranhado na sociedade americana, é Daniel Kaluuya, indicado a melhor ator.
Recordistas
Meryl Streep dispara à frente da lista de intérpretes mais vezes indicados na história do Oscar. Concorre pela 21ª vez com The Post: A Guerra Secreta. Mas ela ganhou apenas três estatuetas: de coadjuvante com Kramer vs. Kramer (1979) e de melhor atriz com A Escolha de Sofia (1982) e A Dama de Ferro (2011). Mas recorde mesmo é o do compositor John Williams, concorrendo pela 51ª vez, agora com a trilha de Star Wars – Os Últimos Jedi. Cinco destas indicações foram por canção original. O maestro já ganhou cinco estatuetas, a última com
A Lista de Schindler (1993). Williams é a pessoa viva com mais indicações e a segunda em todos os tempos, atrás de Walt Disney, com 59.
Já grande diretor de fotografia Roger Deakins é um azarado. Com Blade Runner 2049, chegou a sua 14ª indicação na categoria, mas nunca ganhou – e isso que em 2008 concorreu com dois filmes: O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford e Onde os Fracos Não Têm Vez.
Diversidade
Yance Ford é o primeiro homem transgênero indicado ao Oscar em qualquer categoria, concorrendo como diretor do documentário em longa-metragem Strong Island (já disponível na Netflix) – conta no filme a história do assassinato de seu irmão, nos anos 1990. Duas mulheres trans já concorreram, a compositora Angela Morley, em 1975 e 1978, e a cantora Anohni (antes conhecido como Antony Hegarty, da banda Antony and the Johnsons), em 2016).
Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, o chileno Uma Mulher Fantástica, já exibido em Porto Alegre, tem como protagonista a cantora trans Daniela Vega.
Brasil em campo
O diretor de animação Carlos Saldanha é o primeiro brasileiro indicado duas vezes ao Oscar: em 2004, concorreu com o curta A Aventura Perdida do Scrat. Agora, disputa com O Touro Ferdinando. Saldanha assinou a codireção de A Era do Gelo, indicado em 2003, mas quem figurou na lista foi o americano Chris Wedge.
Já Rodrigo Teixeira, um dos 20 produtores nos créditos do drama romântico Me Chame Pelo Seu Nome, indicado a melhor filme, não está entre os quatro que serão chamados em caso de vitória (a Academia limita o número de indicados ) – o que não impede que ele suba ao palco e, merecidamente, festeje com os colegas.
Marcas do veterano
Christopher Plummer foi chamado para substituir Kevin Spacey em Todo o Dinheiro do Mundo com o filme praticamente rodado, após o colega cair em desgraça por conta de denúncias de assédio sexual. Na pele do bilionário John Paul Getty, às voltas com o sequestro de seu neto nos anos 1970, Plummer não só foi indicado a melhor ator coadjuvante como estabeleceu um recorde: é o ator mais velho a conseguir uma indicação. Gloria Stuart concorreu aos 87 anos com Titanic (1997), e Emmanuelle Riva foi indicada aos 85 com Amor (2012). Plummer já é dono do recorde de ator mais velho a ganhar um Oscar, como coadjuvante, por Toda Forma de Amor (2010), na cerimônia de 2012, quanto tinha 82 anos.
Outras curiosidades do Oscar 2018
- Vencedor do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro consagrado pela crítica, o longa alemão Em Pedaços, de Fatih Akin,estava entre os nove pré-selecionados ao Oscar, mas não ficou entre os cinco indicados na categoria.
- O jogador de basquete Kobe Bryant, ídolo da NBA e cinco vezes campeão da liga com Los Angeles Lakers, concorre ao Oscar com seu curta de animação Dear Basketball, codirigido com Glen Keane e com trilha de John Williams.