Cinco exposições ocuparão a Fundação Iberê Camargo (Av. Padre Cacique, 2.000), na Capital, a partir deste sábado (1º), na retomada das visitações presenciais. Uma mostra do estilista japonês Tomo Koizumi inaugura um dos três novos pilares da instituição, que devem ser apresentados nos próximos meses, como explica o diretor-superintendente Emilio Kalil:
— A parte de moda finalmente está lançada. Já as partes de design e arquitetura serão montadas em breve.
Assim como outros museus, o Iberê precisou elaborar conteúdos para a internet durante a pandemia e não pretende parar tão cedo. Embora a experiência presencial não possa ser transposta para essas plataformas, Kalil explica que elas podem servir como complemento. Ele avalia que o período de visitações de setembro de 2020 a fevereiro de 2021 foi um sucesso, com grande procura de público. Agora, as visitas ocorrerão de sextas a domingos, das 14h às 18h, com agendamento prévio em sympla.com.br. Será permitida a entrada de, no máximo, seis pessoas por grupo. Os ingressos para as visitas, que já estão esgotados para este fim de semana, custam a partir de R$ 20 por pessoa, com meia entrada para estudantes, idosos e profissionais da saúde e pacote de R$ 30 para duas pessoas.
Confira a seguir detalhes das cinco exposições disponíveis na instituição:
O Fabuloso Universo de Tomo Koizumi
A exposição apresenta 13 criações de Tomo Koizumi, revelação na Semana de Moda de Nova York de 2019. O designer é conhecido por suas produções únicas, feitas a partir de 50m a 200m de organza japonesa de cores e volumes extravagantes. São 10 peças de coleções passadas e outras três criadas para o Brasil, que mesclam referências do Carnaval com os tradicionais quimonos japoneses. O público poderá assistir ao vídeo do último desfile de Koizumi, realizado na Semana de Moda de Tóquio, além de apreciar um recorte mais íntimo do artista no mural onde estão imagens que serviram de inspiração para as coleções e fotos pessoais feitas por ele. A visitação fica aberta até 4 de julho, no quarto andar.
Modelar no Tempo: Iberê e a Moda
Pela primeira vez, a fundação destaca trabalhos de Iberê Camargo na moda. A mostra ficará no átrio até o dia 4 de julho, trazendo oito estudos de figurinos para o balé As Icamiabas (1959) e outros seis para a série Manequins. Será possível ver um conjunto de vestido e bolero com a primeira estampa assinada por Iberê, em 1963. A peça foi feita para a empresa Rhodia, e pertenceu à esposa do artista, Maria Coussirat Camargo. Diversos trabalhos levados à passarela pelo publicitário Lívio Rangan, contratado na época, acabaram se perdendo.
— Temos algumas peças e estamos tentando recuperar outras que estão com colecionadores — conta Kalil.
Um Rio que Passa
Foi inspirado pela frase de Iberê “Todo artista deveria ser como um rio com suas águas que se renovam sempre” que Eduardo Haesbaert criou a mostra que estará no segundo andar da instituição até 25 de julho. A exposição apresenta 36 obras inéditas, entre desenhos, pinturas e monotipias, a maior parte em grande formato. Em quatro meses, ele produziu, em média, um trabalho por semana sobre o tema do desabamento de estruturas consideradas sólidas e suas consequências humanitárias e ambientais. Haesbaert foi um dos grandes confidentes de Iberê Camargo.
— A Fundação Iberê é praticamente a casa de Eduardo, já que foi colaborador de Iberê no passado — lembra Kalil.
O Gesto Crispado
O artista paulistano Arnaldo de Melo teve uma trajetória precoce ao iniciar sua participação em exposições em 1979, sendo que sua primeira individual ocorreu em 1990, em Berlim. Ele traz a Porto Alegre 26 pinturas de grandes dimensões, produzidas em 2019 e nos anos 1980, quando morou em Nova York e na capital alemã. As obras foram dispostas de maneira a aproveitar os ambientes projetados no museu pelo arquiteto português Álvaro Siza. Os visitantes poderão apreciar a mostra no terceiro andar até 25 de julho.
— É um artista importante das artes visuais nacionais e que já tem uma carreira sólida lá fora — diz Kalil.
Homenagem a Gelson Radaelli
Exposta até o dia 25 de julho no átrio da Fundação, a mostra foi motivada pela dificuldade que Eduardo Haesbaert ainda encontra em compreender a partida de seu amigo Gelson Radaelli em novembro de 2020. Haesbaert acumulou mais de 30 anos de convivência com o artista e dono do restaurante Ateliê de Massas. Radaelli chegou a ser modelo de Iberê por um dia e, apesar das promessas de que iria retornar para que a obra pudesse ser terminada, seu empreendimento acabou ocupando todo o seu tempo. A pintura ficou inacabada. Desenhos do patrono da fundação e pinturas de Radaelli concedidas pela Galeria Bolsa de Arte completam a homenagem.