Fechado para reformas desde 2020, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) já tem a maior parte das melhorias previstas cumpridas. O trabalho, com finalização estimada para setembro deste ano, começou nos espaços expositivos para permitir uma retomada rápida das visitações seguindo medidas de segurança sanitária. Agora, o espaço aguarda a melhora dos indicativos da pandemia para dar início à reabertura.
— Estaríamos em condições de abrir para o público no Carnaval, mas quando começamos a nos organizar tivemos a bandeira preta, que nos colocou novamente na situação de fechamento. Voltamos a esse modo de espera — explica Francisco Dalcol, diretor do Margs.
Desde que o Margs encerrou suas atividades presenciais temporariamente, houve uma adaptação para produzir conteúdos virtuais e gratuitos para o público. Conforme Dalcol, embora o meio digital não possa substituir a ida presencial a um museu, é um complemento importante à experiência:
— A internet é interessante porque conseguimos aferir melhor algumas coisas, ter tipos de feedbacks que contribuem para a renovação e a formação de público. E temos um alcance maior do que somente Porto Alegre.
Em 2 de agosto de 2019, o Margs recebeu cerca de R$ 4,7 milhões do Fundo de Defesa de Direitos Difusos, garantindo a execução do projeto de revitalização criado em 2013 no PAC das Cidades Históricas. Uma das melhorias a serem feitas é a substituição do sistema de climatização, que permite preservar as obras adequadamente. Até o momento, foi realizada uma operação para trocar o chiller, um equipamento que resfria a água e, consequentemente, o ar. A próxima etapa consiste em finalizar a instalação da nova tubulação.
— O fato de o Margs ter um sistema de climatização torna possível que ele receba obras de outros museus que exigem essas condições técnicas para seus empréstimos — explica Dalcol.
Além disso, está sendo feita a restauração do friso nos quatro torreões superiores do prédio e aprimoramento no sistema de de escoamento pluvial. Paredes, janelas e portas estão passando por restauro, e quem passa na rua pode enxergar os andaimes que foram instalados para os trabalhos de revitalização, impermeabilização e pintura da cobertura e da fachada. O sistema de escoamento de água da chuva também será renovado
Prevenção
Estas não são as únicas boas novas do museu neste ano. Em março, o Margs obteve o alvará do Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndio (PPCI), o qual certifica que o prédio se encontra em conformidade com as resoluções técnicas do Corpo de Bombeiros do Estado. O documento vinha sendo buscado há bastante tempo pela direção da instituição.
— Era uma busca do museu há muitos anos dentro de uma preocupação dos diretores e da gestão com prevenção e proteção contra incêndio. O Brasil, infelizmente, é um país com os piores históricos em relação a incêndios em museus, o que certamente deixa todo administrador com uma tremenda preocupação. Isso é ainda mais preocupante em instituições públicas, com toda a dificuldade que nós temos em relação às verbas — ressalta o diretor.
Apesar de ainda não haver uma decisão concreta quanto às obras que devem ser expostas em um momento de reabertura, o Margs já tem algumas ideias à vista. São elas: a remontagem da primeira exposição do museu, feita em 1955, chamada Arte Brasileira Contemporânea, uma mostra individual da artista Lia Menna Barreto e um projeto externo que deve trazer parte da coleção privada de arte contemporânea brasileira do colecionador Paulo Sartori. Nos próximos meses, também terá início o projeto Presença Negra no Acervo do Margs, uma investigação crítica sobre presença e representatividade de artistas negros no acervo do museu, incluindo um programa público com palestras, cursos e ações online, resultando em uma grande exposição em 2022. Neste mesmo ano, no segundo semestre, o espaço também deve receber a Bienal de Artes Visuais do Mercosul.