Pesquisadores da Universidade de Groningen, na Holanda, apresentaram um novo estudo a respeito do prontuário psicológico de Vincent Van Gogh. De acordo com o material, publicado no International Journal of Bipolar Disorders nesta segunda-feira (2), o pintor expressionista sofreu dois surtos psicóticos motivados por abstinência alcoólica após ter cortado a sua orelha esquerda, em 1888.
O levantamento apura que o artista teve diversos transtornos psiquiátricos nos últimos anos de vida, que foram potencializados por fatores como rotina de abuso de álcool, desnutrição, sono pobre e exaustão mental. Ao longo da vida adulta, em cartas obtidas pelos pesquisadores, Van Gogh narra sintomas associados a um transtorno de humor, possivelmente bipolaridade, combinados a um transtorno de personalidade provavelmente limítrofe.
Após o episódio em que cortou a própria orelha, em 23 de dezembro de 1888, o pintor teve os surtos provocados pelo corte no consumo de álcool, pois precisou ficar hospitalizado. Tal quadro gerou episódios depressivos graves, segundo o estudo liderado pelo professor emérito de psiquiatria Willem Nolen. Apesar disso, o estudioso reforça cautela nas ponderações apresentadas.
— Achamos que podemos descartar alguns dos diagnósticos sugeridos anteriormente com certeza, e temos mais ou menos certeza sobre várias doenças de que ele sofria, mas nunca saberemos com certeza. Não conseguimos entrevistar o paciente nós mesmos. Embora as cartas de Van Gogh contenham muitas informações, não se deve esquecer que ele não as escreveu para seus médicos, e sim para familiares. Portanto, pode ser que ele estivesse enfraquecendo ou acrescentando peso a certos fatos. A última palavra sobre o quadro clínico de Van Gogh, portanto, não é dita em nosso artigo — pontua Nolen.
Ao longo da carreira, Van Gogh pintou mais de 900 telas e cerca de 1,6 mil desenhos e esboços.