Com abertura nesta terça-feira, no MARGS, a exposição Scheffel por Ele Mesmo traz à tona desenhos feitos por Ernesto Frederico Scheffel (1927 – 2015) na década de 1970. Eles representam a parte menos conhecida de sua produção, já que pertenciam a coleções privadas, ao contrário das obras sempre à mostra na Fundação Ernesto Frederico Scheffel, em Novo Hamburgo.
Os desenhos ocuparão a galeria central do primeiro andar do museu e serão acompanhados de outros dois recortes, exibidos nas galerias laterais: uma panorâmica de retratos feitos por Scheffel entre os anos 1950 e 2000 e uma seleção de obras dos mestres que o influenciaram, como João Fahrion, Ângelo Guido, José Lutzenberger e Benito Castañeda.
Nascido em 1927, em Campo Bom (RS), Scheffel iniciou a trajetória na arte como estudante no então Instituto de Belas Artes da UFRGS e na Escola Técnica Parobé. Passou a década de 1950 no Rio de Janeiro e depois partiu para a Europa, instalando-se em Florença (Itália), onde trabalhou na restauração de obras-primas de Rubens, Velázquez, Ticiano e outros. Em paralelo, realizou oito obras públicas na cidade, a maioria de arte sacra. Porém, na década de 1970, daria uma guinada na carreira, como explica Angelo Reinheimer, curador da Fundação e da mostra:
– Após as transformações de 1968 no mundo, Scheffel começa a rever conceitos. E elabora tudo por meio de uma série de cartazes com figuras humanas. É um período completamente diferente. Nos anos 1980, ele retomará outras temáticas.
Em retratos e nus, a figura humana é o tema predominante nesta fase que é traduzida na exposição por meio de desenhos sobre papel. São obras feitas na Europa e no Brasil, já que 1974 marca a mudança do artista para Novo Hamburgo, onde inicia uma cruzada pela preservação do patrimônio histórico do município. Ao todo, foram selecionados 48 trabalhos em que o artista exibe total domínio do desenho:
– Scheffel reunia grande bagagem técnica e espiritualidade. Conseguia se abrir completamente e captar algo da alma das pessoas nos retratos – avalia Reinheimer, que conheceu o artista desde a adolescência e lembra que o amigo fazia questão de conhecer bem as pessoas antes de retratá-las.
Expor essa produção gráfica era um antigo desejo de Scheffel, que deixou instruções para isso – por esse motivo, a mostra é batizada de Scheffel por Ele Mesmo. Dentre as raridades, destacam-se duas obras que nunca haviam sido expostas: Vigília (1970) e Era de Aquário (1971). Dois retratos inacabados dos anos 1950 iluminam o processo do artista, assim como um texto sobre o tema, assinado por ele. Ali, detalha: “A obra nasce do entendimento e relacionamento de artista e retratado que decidem remover as máscaras, uma a uma, num ritual de concessão das diferentes formas assumidas pelo indivíduo”.
- Scheffel Por Ele Mesmo
- Abertura terça-feira (24/10), às 19h.
- Curadoria: Angelo Reinheimer.
- Pinacoteca do MARGS (Praça da Alfândega, s/nº).
- Visitação de terça a domingo, das 10h às 19h, de 25 de outubro até 5 de dezembro.
- Entrada franca.