O tempo ajudou, e artistas e crianças puderam trabalhar lado a lado no Parque da Redenção na manhã deste domingo. Com um mês de atraso, foi finalmente realizada a segunda edição do projeto Arte na Praça – em maio, a chuva impediu que o evento ocorresse. Parte da programação de preparação para a 11ª Bienal do Mercosul, a proposta é, sempre no último final de semana do mês, reunir os pequenos e 20 artistas plásticos para uma manhã de pintura em parques da Capital.
Passava um pouco das 10 horas quando a movimentação começou. Sem placas ou instalações, as crianças que chegavam acompanhadas pelos pais espalhavam-se pelos bancos e pela grama, munidas de papel, pincéis e muita tinta. Inicialmente prevista para atender um público de nove a 13 anos, acabou abrindo espaço até para crianças com pouco mais de um ano.
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Carlos Britto Velho, um dos organizadores do projeto, defende que o contato com arte na infância é importante para desenvolver também outras aptidões, possibilitando um ganho pessoal que vai além do tornar-se ou não um artista. Para isso, aponta a liberdade de criação como um dos fatores:
– Uma criança faz um risco e uma bola e diz que é o cachorro dela, e aquilo ali é realmente o cachorro dela. Nessa idade eles têm o que todo artista gostaria de ter, que é a liberdade, sem preconceitos. E isso expande a mente em outras áreas também.
Para o presidente da Fundação Bienal do Mercosul, Gilberto Schwartsmann, o principal mérito da Arte na Rua é envolver e aproximar do evento o público que não está acostumado a ter contato com o mundo da arte.
– A gente reúne crianças de todas as etnias, todas as classes sociais, e isso é lindo. Como a maioria das pessoas não tem acesso à arte, muitas vezes a Bienal é vista como algo elitista. A gente tá tentando mudar isso.
E o público alvo aprovou. Com material suficiente para 100 criações, os tubos de tinta e as folhas de papel rapidamente foram diminuindo. As irmãs Ana e Luiza, de 11 e 7 anos, filhas da professora Priscila Robles, foram umas das primeiras a chegar. Apaixonadas por pintar, a dupla sentou-se sobre um dos bancos e passou o final da manhã colorindo.
– Eu amo pintar qualquer coisa, pintei até no meu aniversário. Quando é assim (em folha de papel), gosto de pintar paisagem – diz Luiza, exibindo seu trabalho.