Na coluna Conheça o método de produção da Olina nas primeiras décadas do século 20, abordamos o primeiro medicamento registrado em Porto Alegre, a tradicional Olina – essência de vida, e seu criador, o oficial de farmácia João Wesp (1885–1964). Em função da repercussão positiva, fomos procurados por Renan Wesp, bisneto de João, que, orgulhoso de seus antepassados, queria falar um pouco mais sobre seu bisavô e o legado por ele deixado.
Formado em Direito, e interessado na genealogia da família, o jovem pai, de 33 anos, fez uma profunda pesquisa que compreende desde seu filho, Nicolas, nascido em 2017, até Jacob Wesp, que nasceu em Selb, na Baviera (Alemanha), em 1640. Desta mesma cidade, partiu João Wesp para, depois de viver um tempo em Colônia, chegar ao Brasil, aos 26 anos, a bordo do navio Columbia, em 1911. No Rio Grande do Sul, ele se casou com Frieda Trentz (1890–1976), de Novo Hamburgo, em 1923. Tiveram três filhos: Ruth, Edith e Alfredo João. Um dos seis filhos de Alfredo João é Max, hoje com 63 anos, pai de Renan e de Christian, atual sócio-diretor do laboratório Wesp.
Muita coisa mudou desde que João Wesp misturava num panelão os sete ingredientes para fabricar Olina e saía a vender o seu produto de porta em porta. Só não mudou a fórmula, quase mágica, que garante, desde 1916, o controle das indisposições estomacais. Hoje, o Wesp produz 150 mil frascos de Olina por mês, além de fabricar Hepalina, para o fígado, Repelina, um repelente, e o bitter Lina (um amargo alcoólico), que deverá ter suas vendas incrementadas a partir de uma nova embalagem. Depois de se expandir para Santa Catarina e Paraná, os produtos fabricados em Canoas estão buscando, agora, conquistar todo o mercado nacional.
O tempo dos antigos medicamentos como o unguento Wesp, o fortificante Fermangol, o multivitamínico Isis Vitalin, o antitérmico Fieberlin, o Cobrina, para picada de insetos, e o xarope expectorante Wesp, já passou. Já vai longe, também, a mágoa daquele dia de 1919, em que João Wesp foi detido e teve sua mercadoria apreendida. Mesmo com muitos imigrantes teutos, tanto aqui quanto em outros lugares, terminada a Primeira Guerra, ser germânico e falar o idioma alemão era motivo para má vontade e perseguição. Naquela época, até o autêntico curador poderia ser acusado de curandeiro. Depois de mais de cem anos, a “poção mágica” de João Wesp continua aí para quem quiser experimentá-la.