Nada mais justo do que Porto Alegre ter atribuído o nome do intendente Otávio Rocha (1877–1928) a uma praça e a uma das importantes avenidas centrais da cidade. Afinal, ele foi, guardadas as devidas proporções, o nosso Pereira Passos (1836–1913), o prefeito do Rio de Janeiro que abriu a Avenida Rio Branco e reformulou e modernizou a então capital federal. Pereira Passos, também guardadas as proporções, foi para o Brasil e para o Rio o que o Barão Haussmann (1809–1891) foi para a França e Paris. Conhecido como o “artista demolidor”, Haussmann devastou antigas ruas, pequenos comércios e moradias da cidade luz criando uma metrópole ordenada com grandes avenidas e bulevares.
A nossa provinciana Capital também mereceu um primeiro choque de modernidade nas primeiras décadas do século 20. A Avenida Otávio Rocha é um bom exemplo. Com início na Rua Marechal Floriano e fim na Rua Senhor dos Passos (Beco do Couto até 1876), ela já foi chamada de Beco do Rosário e, mais tarde, de Rua 24 de Maio. Só em 1932 ganhou a atual denominação.
Rosário era, naturalmente, referência à igreja de mesmo nome que fica próxima. A nova avenida, que conectou a antiga Rua São Rafael, hoje Avenida Alberto Bins, à Praça XV (antiga Praça do Paraíso), foi uma obra decisiva para a ligação do bairro Floresta, e da Zona Norte, com o Centro. Antes de ser aberta, o que existia ali era uma via estreita e insalubre. O historiador Walter Spalding, em sua obra Pequena História de Pôrto Alegre, cita Otávio Rocha como aquele que “transformou vielas imundas e escuros becos e abriu amplas portas de largo acesso à cidade. São de sua administração (…) a abertura da Avenida São Rafael (depois dividida em duas: Avenida Otávio Rocha e Avenida Alberto Bins), compreendendo o antigo ‘beco’ 24 de Maio e a Rua São Rafael, o primeiro estreitíssimo e verdadeiro antro de vícios em quase toda a sua extensão da Praça 15 de Novembro à Rua Senhor dos Passos, onde terminava defronte da Igreja Protestante. Do resultante da curva ligando a antiga 24 de Maio à São Rafael, ficou uma praça que, mais tarde, recebeu o nome do imortal remodelador”.
Fonte: Porto Alegre-Guia Histórico de Sérgio da Costa Franco