
Esta segunda-feira (19) é o Dia Mundial da Fotografia e também é o Dia Nacional do Historiador. A escolha do dia 19 de agosto para celebrar duas coisas aparentemente tão distintas se deve, é claro, a motivos diferentes. Mas a afinidade entre fotógrafos e historiadores torna a data, pelo menos para mim, algo maior do que uma simples coincidência.
Durante 40 anos, dos 68 que tenho, carreguei nos ombros, diariamente, em grande parte do tempo em que permaneci desperto (ou seria esperto, vigilante, atento?), o peso dos quase sete quilos de equipamento fotográfico necessários para o desempenho da minha atividade profissional de fotojornalista. Devo à fotografia muito do que sou e tenho. Portanto, além de um fascínio histórico, tenho pela fotografia imensa gratidão. Viver de registrar o que ocorreu (ocorre) à minha volta, não me proporcionou uma situação especialmente confortável em termos patrimoniais, a menos que se possa considerar, e eu considero, como patrimônio as experiências vivenciadas, os afetos conquistados e o enorme repertório de agruras didáticas e prazeres gratificantes, adquiridos.

Na verdade, a efemeridade e o imediatismo exigido pelo fotojornalismo contêm, intrinsecamente, uma contradição para o fotógrafo que almeja com seu trabalho parar o tempo e fazer das suas imagens história. Convivi com esse duelo e, por incrível que pareça com algum sucesso, quase que uma vida inteira.
No próximo mês de setembro, completo oito anos de dedicação exclusiva ao Almanaque Gaúcho, coluna de memória e, por que não dizer, histórias, publicadas em todas as edições de Zero Hora. Sem pretensão, e sem qualificação, não me considero absolutamente um daqueles que escolheram a pesquisa histórica como atividade profissional. Tenho por esses grande apreço. Apenas identifico nesse texto nossa proximidade, que não se esgota no compartilhamento da data de hoje como o nosso dia.
Em tempo: foi em 19 de agosto de 1839 que a Academia Francesa de Ciências anunciou mundialmente a invenção do daguerreótipo, processo desenvolvido em 1837 pelo francês Louis Daguerre (1787–1851). Alguns anos antes, Joseph Niépce (1765–1833) criou a heliografia. Em 1839, também, William Fox Talbot (1800–1877), inventou outro sistema de captura de imagens, o calótipo. Por isso, 1839 foi consagrado como o ano da invenção da fotografia.
Já em 19 de agosto de 1849, nasceu, em Recife, Joaquim Nabuco, político, diplomata, historiador, jurista, orador, jornalista e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Abolicionista e um dos historiadores mais importantes do país, é em homenagem a ele que a data de seu nascimento foi oficializada, por decreto de 2009, como Dia Nacional do Historiador.