Entre os personagens mais amados da literatura alemã há gerações, está a dupla de aprontões Max e Moritz, do poeta e caricaturista Wilhelm Busch (1832-1908), traduzido como Juca e Chico por Olavo Bilac, e o casal Knopp. Ele, um marido tão ingênuo que nem desconfia que tomar cerveja com os amigos no kneipe (barzinho) e chegar em casa tarde da noite é certeza de uma recepção pouco calorosa.
Na Alemanha, na juventude, Adolf Oderich lera essas e outras histórias divertidas, que estimularam seu lado brincalhão natural. Em 1935, no Rio Grande do Sul, aos 78 anos de idade e 50 de casado, “opa Knopp”, apelido dado a ele pela família, continuava inquieto e curioso, capaz de surpreender a ponto de tentar convencer sua querida esposa Henriette a aceitar um convite inusitado: viajar à Alemanha para comemorar, lá, as bodas de ouro, só que... no dirigível Graf Zeppelin. Algumas informações da brochura de propaganda da grande aeronave: em sete anos de operação, o Graf Zeppelin realizara 420 pequenas e longas viagens, entre elas uma ao redor do globo, outra ao ártico e cerca de 80 transoceânicas. A linha do Equador fora cruzada cerca de 70 vezes, com a distância percorrida de 1 milhão de quilômetros.
Aproximadamente 28 mil passageiros haviam sido transportados, além de 5,5 milhões de correspondências e 42 mil quilos de carga. O saldo de horas de permanência no ar do “Zepp” chegava a 9,8 mil horas, em que atravessara as mais variadas zonas climáticas e meteorológicas.
A equipe de voo era composta de 10 tripulantes, um comandante, três oficiais, um engenheiro, um encarregado do sistema de rádio e telégrafo, um responsável pelo correio e sanitários, dois comissários e um chef de cozinha.
Entre as comodidades oferecidas na viagem, além de amplo e agradável salão de estar e jantar, havia à disposição dos passageiros 12 confortáveis e arejadas cabines com cama para duas pessoas e quarto de banho especial com água corrente, quente e fria. Um fogão elétrico garantia o preparo de pratos elaborados durante a viagem, que nada deixavam a desejar àqueles oferecidos nos melhores restaurantes cinco estrelas.
As refeições eram servidas em pequenas mesas no salão. Dona Henriette aceitou o convite? Saiba lendo o Almanaque Gaúcho de quarta-feira (20).
Colaboração de Cynthia Oderich Trein