A sensação pode até ser de isolamento e bloqueio, tendo em vista que o comércio está fechado, as escolas e universidades ainda não retomaram suas atividades presenciais e o movimento nas ruas de Porto Alegre diminuiu. Entretanto, essas medidas restritivas tomadas em função da pandemia provocada pelo coronavírus são de distanciamento social. O período não pode ser classificado como quarentena ou lockdown, sendo este último o mais radical. Confira abaixo como funciona cada um:
Lockdown: o modelo com maiores restrições
Entre as três modalidades de afastamento ditas pelo ministro, o lockdown (bloqueio, em inglês) é o mais incisivo e o mais alto nível de segurança, porque ele implica a paralisação de uma cidade, estado ou país, a interrupção de deslocamento e a manutenção somente de atividades entendidas como essenciais, como a segurança pública, a saúde e coleta de lixo, explica Mariur Beghetto, doutora em Epidemiologia.
— São medidas muito restritivas de confinamento, nas quais os países podem, inclusive, fazer uso da polícia e da punição contra pessoas que furarem esse bloqueio.
A cidade de Wuhan, na China, epicentro do coronavírus, estabeleceu a política de proibição de pessoas pelas ruas. O decreto teve validade por 11 semanas e seu fim foi anunciado em 7 de abril, quando os 11 milhões de habitantes do município passaram a ter liberdade de entrar e sair da cidade sem pedir autorização. O Reino Unido, a África do Sul, a Índia, a Bélgica, a França e a Singapura, entre outros países, também chegaram a adotar esse procedimento.
Quarentena: medida para infectados ou quem teve contato com pessoas que tiveram confirmação de covid-19
A quarentena, por sua vez, é um período determinado de dias em que as pessoas que estão com covid-19 devem ficar recolhidas em casa. Esta foi a situação, por exemplo, do jovem de Torres, diagnosticado com a doença, mas que, mesmo assim, furou o bloqueio e, por isso, teve sua prisão domiciliar decretada pela Justiça, por estar colocando em risco a vida de terceiros. Esta modalidade de isolamento também é aplicada aos que tiveram contato com indivíduos infectados. Segundo Mariur, tal medida tem sido empregada ainda com o objetivo de ampliar o distanciamento social.
— Aumenta-se o número de atividades que não são permitidas de serem feitas, como andar em grandes grupos na rua, promover festas e eventos, ir a bares entre outros — explica a especialista.
Distanciamento social: o modelo aplicado no Brasil
Por fim, o distanciamento social ampliado, que é o modelo aplicado nas cidades brasileiras, requer que as pessoas permaneçam em casa durante a vigência da medida pelos governantes locais. Como estamos experienciando, essa alternativa restringe o contato entre as pessoas com o objetivo de reduzir a propagação do vírus e, principalmente, para ganhar tempo, afirma Lúcia Pellanda, professora de Epidemiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA):
— Assim, podemos comprar equipamentos, montar novos leitos em UTIs, desenvolver protocolos de tratamento e contratar mais pessoas da saúde em áreas essenciais. Por exemplo, imagine que você vá fazer uma prova super difícil sobre um assunto que você praticamente não conhece. Se você for mal neste exame, será literalmente eliminado. Você prefere fazer a prova agora ou daqui um mês? Em 30 dias, dá tempo do sistema se preparar muito melhor.