Uma pesquisa em parceria entre a prefeitura de Esteio, na Região Metropolitana, e quatro universidades gaúchas vai analisar pelo menos 12 aspectos referentes ao coronavírus no município. Serão feitos estudos epidemiológicos, clínicos e moleculares que têm como objetivo acompanhar a evolução da covid-19, reduzir a velocidade de transmissão do vírus, além de preparar o sistema de saúde.
Desenvolvido a partir de uma proposta do prefeito, Leonardo Pascoal, o projeto foi agregando pesquisadores de quatro grandes universidades, conta Claudia Thompson, coordenadora-geral do estudo, e professora do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Assim que ouviu a ideia, a docente foi fazendo contatos e somando forças para montar a pesquisa, que hoje conta com 41 pesquisadores da UFCSPA, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Feevale e Unisinos.
— Começamos a desenhar a parte epidemiológica, com atuação direta e incansável da prefeitura municipal, até chegarmos ao objetivo geral. É um projeto muito grande, precisa muitas mãos e muitas cabeças — orgulha-se Claudia.
— É uma pesquisa inédita e ousada — complementa Pascoal.
O primeiro passo do levantamento será a realização de 2 mil testes rápidos, que vai ajudar a compreender a prevalência de infectados no município. Serão realizados 500 testes a cada 15 dias. Os moradores que testarem positivo para coronavírus serão submetidos a nova análise, desta vez, por meio do PCR.
Além de apontar a quantidade de pessoas expostas ao coronavírus em Esteio, o estudo ainda se propõe a fazer o sequenciamento genético do vírus e submeter os resultados a comparações com bancos de dados internacionais. Com isso, será possível cruzar informações que ajudem a “rastrear” a origem do vírus.
— Seria identificar o “GPS” molecular do vírus — ilustra Claudia.
O acompanhamento dos pacientes com teste positivo também está entre os objetivos do levantamento, destaca o prefeito:
— Vai ser feita análise clínica dessas pessoas positivadas, com histórico de saúde e acompanhamento para ver as consequências do coronavírus a médio e longo prazo, pois como é uma infecção nova, não temos muitas informações.
Para custear a pesquisa, a prefeitura está investindo cerca de R$ 400 mil, que serão distribuídos, entre outras coisas, para compra de testes rápidos e de equipamentos de proteção individual (EPI) para as equipes de coleta. Além disso, o estudo foi inscrito na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) em busca de um financiamento para pesquisa. Como ainda está em avaliação na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), a fase de coleta está prevista para iniciar em maio. Dados brutos, ainda não sujeitos à análise, devem estar disponíveis dois meses após o começo da coleta.