A neblina, condição bastante comum do outono e inverno gaúchos, pode ser um dos maiores desafios dos aeroportos espalhados pelo Rio Grande do Sul, que agora absorvem parte da malha aérea do Aeroporto Internacional Salgado Filho, de Porto Alegre. O Salgado Filho está fechado por causa dos alagamentos. Em Caxias do Sul e em Santo Ângelo, as alternativas são investir em novos equipamentos ou ajustar os horários dos voos.
A ocorrência frequente de neblina no Rio Grande do Sul é resultado de uma combinação de fatores climáticos e geográficos. No outono e no inverno, há muita influência de massas de ar polar que trazem ar frio e úmido ao Estado, favorecendo essa condição. O relevo de muitas regiões gaúchas, como da Serra e do Centro, também facilita a formação de nevoeiros.
— Eventualmente, a condição acontece por causa da chuva ou quando o vento está soprando de leste, trazendo umidade do oceano. É possível observar nevoeiros quando a temperatura está abaixo de 10ºC. A Serra é mais perto do mar, por isso que lá ocorre bastante. Já Santa Maria, por exemplo, está localizada na depressão central, então o vento que vem do oceano é canalizado nessa região mais baixa e faz com que a neblina se estenda desde a Região Metropolitana até a Região Central — explica o meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Murilo Lopes.
Por reduzir a visibilidade dos pilotos e operadores de voo, a neblina torna o pouso e a decolagem mais arriscados, atrapalhando a operação dos aeroportos. O Aeroporto Internacional Salgado Filho também sofria bastante com a condição. Na Serra, o nevoeiro pode aparecer em diferentes partes do dia e, para o Aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul, é um problema recorrente.
— A característica da neblina já é algo conhecido daqui e que exige uma atenção a mais. Já melhoramos a condição de trafegabilidade com o Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta II), de Curitiba, e agora estamos tratando com eles para melhorar o sistema de navegação. Isso pode fazer com que a aeronave se aproxime o máximo possível da pista para que, no controle visual, o aeroporto consiga fazer o pouso mesmo com a neblina — pontua o secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade de Caxias do Sul, Alfonso Willenbring Júnior.
Pela localização, na Base Aérea de Canoas, que recebe voos comerciais enquanto o Salgado Filho está fechado, e no Aeroporto Regional Brigadeiro Cherubim Rosa Filho, de Santa Maria, a neblina também pode ser um empecilho. A reportagem de GZH tentou contato com os dois locais, mas não obteve retorno até o fechamento dessa reportagem.
Já no Aeroporto Sepé Tiaraju, de Santo Ângelo, nas Missões, a neblina não é uma preocupação constante. Isso porque a região não costuma sofrer muito com a condição e porque os horários dos voos operados no local são bastante espaçados, sem muitos pousos e decolagens durante as manhãs, horário em que a neblina é mais frequente.
— Os horários são sempre perto do meio-dia e da tarde, então a neblina não atrapalha. Mas não estamos colocando restrições em relação aos horários, tudo depende da programação das companhias aéreas. Acompanho as operações desde o início das manhãs e a condição no aeroporto sempre é favorável. O que mais nos atrapalha é o vento, que às vezes faz com que as aeronaves tenham que pousar em outros lugares — relata o gerente do aeroporto, Odone Bizz.