Até o começo do mês como opção para voos com destinos finais na Serra, o Aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul, se tornou uma das principais alternativas das companhias aéreas para visitantes que buscam diferentes regiões do Estado. O novo cenário ocorre em função do fechamento do Salgado Filho, em Porto Alegre, alagado pela enchente e sem previsão de voltar a funcionar. E um dos principais desafios da gestão é melhorar as condições de pouso em dias de neblina intensa, aumentando as possibilidades de chegadas.
Atualmente, o problema obriga as empresas a direcionarem aterrissagens para cidades como Florianópolis e Joinville, em Santa Catarina. A decisão, segundo o diretor do aeroporto, Maurício D’Ávila, fica a cargo da companhia aérea. Ele confirma que o município, detentor da outorga do espaço, já trabalha na viabilização de novos equipamentos que auxiliem o piloto na rampa de descida e aproximação. O processo pode melhor a visibilidade em até 20%.
— O nosso aeroporto, hoje, tem um sério problema, porque a neblina interfere bastante nas operações. Por isso, trabalhamos para melhorar a infraestrutura para receber mais voos quando as condições estão bem adversas. Hoje de manhã mesmo a cerração estava colada no solo. Então, as companhias preferem cancelar o voo ou voltar para o seu local de origem para esperar as melhores condições, e aí são criados outros voos extras para o dia seguinte. Entre as opções para alternância mais procuradas estão Florianópolis e Joinville. O aeroporto não tem orientação sobre os destinos — salienta D’ávila.
Na manhã de sexta-feira (17), dois voos da Latam não tiveram condições de pousar e, segundo o diretor, um voo extra para o sábado (17) foi agilizado.
— É assim que estamos operando. Não deu para operar naquele dia, criamos um novo voo para o dia seguinte — afirma.
O crescimento na demanda do aeroporto de Caxias fez com que pelo menos duas novas companhias aéreas oficializassem voos para a região. Até este mês, quatro empresas utilizavam o Hugo Cantergiani. O número atual já pulou para seis, com possibilidade de aumentar nas próximas semanas. O horário autorizado também foi ampliado. Agora, a operação está liberada entre 6h e 24h.
Aeronáutica trabalha para aumentar a visibilidade
Desde a última semana como referência para todo o Rio Grande do Sul, o aeroporto corre contra o tempo para implementar reestruturações que estavam planejadas para ocorrer até o fim do ano. Detentora da outorga de utilização do aeródromo, a prefeitura quer dar condições para que a possibilidade de aterrisagem aumente sensivelmente em um prazo máximo de 60 dias. A expectativa é revelada pelo secretário municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Alfonso Willembring. Segundo o titular da pasta, o trabalho da Aeronáutica está sendo fundamental neste sentido.
— O controle de tráfego da região já está sendo realizado pelo Cindacta 2 (Segundo Centro de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo), lá em Curitiba. Isso nos ajudou muito porque organizou o nosso tráfego. Até então, nós só tínhamos o controle visual e por rádio aqui do próprio aeroporto. Agora, permanece o controle visual por rádio, porém, a aproximação da aeronave do aeroporto é feita por Curitiba — conta Willembring.
Conforme o secretário, atualmente a formatação desse controle permite que aeronave se aproxime até cerca de 70 metros de altura, o que dificulta ainda mais a visão do piloto. Com novas ferramentas de atuação, de acordo com ele, a aeronáutica pode diminuir essa distância para cerca da metade.
— Nós estamos tratando com o comando da Aeronáutica para que, dentro de 30 dias, possam mudar a formatação do controle para a nossa região. O que vai proporcionar que façam a aproximação da pista para 40m, 45m. Vai proporcionar que eles tragam a aeronave, eles fazem a orientação técnica para a aeronave fazer a aproximação da pista em vez de 70m, 80m, baixar isso pra 40m, 45m – projeta.
Outra melhoria prevista é a reforma do sistema de balizamento, com a remodelagem das luzes da pista, e a instalação de equipamentos luminosos que orientam o piloto, colocados ao lado da pista, nas cabeceiras. Com prazo de 45 a 60 dias para estar pronto, o projeto tem um custo estimado de R$ 1,7 milhão.