Devido à pandemia, muitas pessoas precisaram adiar seus planos de viagem. Agora, com o avanço da vacinação e a flexibilização das medidas de prevenção, parece o momento ideal para retomar esse planejamento. Mas há um problema: os preços de passagens aéreas, diárias em hotéis e pacotes turísticos apresentaram considerável aumento nos últimos meses, gerando impacto no bolso dos consumidores.
Por isso, é necessário buscar alternativas para viajar pagando menos. Entre as opções viáveis, estão a mudança no período das férias e a busca por destinos não tão badalados — já que os mais procurados foram os que tiveram maior alta nos valores. Confira, abaixo, dicas de especialistas e blogueiros de viagem para tentar economizar:
Descubra o melhor período
Para Ricardo Freire, fundador do site ViajeNaViagem.com, a demanda reprimida decorrente da pandemia fez com que deixasse de existir alta e baixa temporada para viagens. No entanto, ele salienta que é normal que os preços aumentem ainda mais nos finais de ano, especialmente na semana do Ano-Novo.
Um levantamento do site de pesquisa de viagens Kayak, realizado entre setembro e outubro deste ano, confirma: passagens aéreas internacionais e nacionais para a segunda quinzena de janeiro de 2022 estão mais baratas do que para o período entre 20 de dezembro e 10 de janeiro. Portanto, adiar as férias de verão em algumas semanas pode ser uma boa alternativa para gastar menos.
Em relação aos destinos nacionais, a cidade de São Paulo é a que apresenta maior redução no preço médio: R$ 1.223 entre o final de dezembro e início de janeiro, e R$ 836 na segunda quinzena de janeiro — uma variação de 32%. No mesmo ranking, que inclui sete municípios do nordeste do Brasil, Florianópolis aparece em seguida, com uma diminuição de 31%: de R$ 1.356 para R$ 941. A pesquisa foi feita utilizando a média dos valores das passagens para o destino considerando diferentes origens.
Rio de Janeiro e João Pessoa seguem a capital catarinense, com redução de 30%, sendo de R$ 1.138 para R$ 796 no RJ e de R$ 2.244 para R$ 1.577 na cidade da Paraíba. A lista inclui também Salvador (-28%), Natal (-27%), Fortaleza (-26%), Porto Seguro (-25%), Recife (-22%) e Maceió (-21%).
Já entre os 10 destinos mais buscados fora do Brasil, o que apresentou maior queda de preço foi Porto, em Portugal, com 38%. Em seguida, aparecem Miami (-33%), Nova York (-31%), Lisboa (-29%), Orlando (-29%), Cancún (-26%), Paris (-23%), Madrid (-21%) e Santiago (-21%). Buenos Aires, por sua vez, foi o único que não apresentou variação no valor das passagens.
Historicamente, além dos finais de ano, julho costuma ser o mês com os preços mais altos, afirma a professora de marketing aplicado ao transporte aéreo do curso de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). O dia da semana também impacta no valor dos gastos e, em datas próximas a feriados prolongados, geralmente é mais difícil conseguir promoções.
— Tudo isso está balizado no histórico de oferta e demanda. Nos meses que têm muita procura, a tendência é o preço estar mais alto — diz Maria Helena.
Busque destinos alternativos
Procurar por destinos menos badalados pode ser uma boa ideia não só para fugir dos preços altos no decorrer da viagem, mas também das aglomerações. A blogueira Alexandra Aranovich, que administra os perfis @cafeviagem e @amoserragaucha no Instagram, acredita que os locais mais procurados tiveram um aumento maior nos valores. Ela cita como exemplo as serras catarinense e gaúcha, que se tornaram locais muito desejados durante a pandemia e, por isso, apresentam reajustes constantes nos preços.
Entre os destinos com maior impacto no Rio Grande do Sul, a blogueira aponta Cambará do Sul, as cidades do Vale dos Vinhedos, Gramado e Canela. Entretanto, ela destaca que é possível economizar optando por um roteiro alternativo.
— (Durante a pandemia) fiz uma viagem que eu adorei, que foi Flores da Cunha e Nova Pádua. Me hospedei em Nova Pádua, em um lugar que eu amei e não era tão caro, não sofreu esse impacto. Adorei a hospedagem e era com refeição à noite, também — comenta.
Em viagens nacionais, além de buscar destinos menos badalados, Alexandra também recomenda que as pessoas fujam do período auge daquela cidade, para evitar aglomerações. Ela conta que, recentemente, visitou Gramado e Canela, mas a quantidade de pessoas atrapalhou um pouco a experiência.
— O Natal Luz faz a cidade lotar, mas se a pessoa faz questão de visitar o evento, sugiro que vá durante a semana ou em janeiro, porque agora está muito cheio — afirma, complementando: — Acho que as pessoas tem que viajar sim, mas o ideal seria tirar férias no início de dezembro ou em fevereiro para fugir não só dos preços, mas também das multidões.
Outra alternativa para economizar é dar prioridade às capitais, sinaliza Ricardo Freire. De acordo com fundador do site ViajeNaViagem.com, em Recife, capital de Pernambuco, há hospedagens muito baratas, sendo difícil pagar mais de R$ 300 na diária em um hotel quatro estrelas.
— Com R$ 300 em Porto de Galinhas, por exemplo, se consegue ficar em uma pousada mediana, longe da praia. Capitais sempre vão oferecer muitos hotéis e a concorrência faz com que o valor diminua. Maceió também vai sair mais barato do que Maragogi — compara.
Pesquise e planeje
Maria Helena Costa Lima, professora do curso de Ciências Aeronáuticas da PUCRS, orienta que os consumidores pesquisem bastante antes de comprar uma passagem, por exemplo. Ela afirma que, em uma semana, é possível analisar a variação de valores dos bilhetes aéreos em dias, turnos e horários. Em relação à antecedência, ela recomenda que a passagem para um destino internacional seja comprada cerca de três meses antes da data prevista para a viagem.
— O planejamento de uma viagem internacional requer um tempo maior, pois é preciso conseguir visto, fazer passaporte, verificar se as vacinas estão em dia e checar documentos. Para uma viagem nacional é mais rápido, porque requer menos recursos — diz.
A compra de pacotes turísticos também pode ajudar a economizar, já que as operadoras compram passagens e diárias em grandes quantidades, mas é importante fazer uma comparação entre os valores encontrados por conta própria, afirma Ricardo Freire. Há ainda sites especializados em viagem que dão dicas para gastar menos e ajudam a pesquisar e monitorar promoções, como o Kayak e o Melhores Destinos. Além disso, na etapa do planejamento, um agente de viagens pode ser útil.
