Você já está com tudo planejado: vai lançar o drone do gramado ao lado da Torre Eiffel e, quando ele chegar lá em cima, vai fazê-lo dar uma volta na estrutura e encerrar o vídeo com uma aterrissagem perfeita. Afinal, foi para esse tipo de coisa que você comprou o equipamento; é o que rende imagens épicas no Instagram. Mas também é ilegal e pode lhe render uma multa de milhares de dólares.
Vivemos uma época esquisita. O dispositivo é relativamente novo, mas sua popularidade está bombando – só que muitas cidades, empresas e agências de gestão preferem apenas proibi-lo. As justificativas são várias, incluindo barulho, potencial de dano de propriedade, danos corporais e outras questões de segurança. Isso não significa que você não deva levar o seu quando for viajar, mas é bom atentar para alguns fatores antes de sair de casa.
Conheça as leis locais
Se há um lugar que você queira explorar com o drone, há grandes chances de alguém já ter feito isso e se encrencado todo. Para evitar esse tipo de experiência, comece a pesquisa dando busca sobre seu destino e os locais onde pretende usá-lo. Algumas boas opções são Airmap.io, Where Can I Fly (da Administração Federal de Aviação) e Knowbeforeyoufly.org.
A DJI, maior fabricante do equipamento, recomenda: “É sempre importante verificar as regras e leis dos países de destino para saber o que é permitido ou não”. A empresa também tem um mapa interativo que permite a seleção do tipo de drone e do local para saber se há restrição.
Quase toda a capital francesa é uma zona de exclusão aérea. Aliás, é praticamente certo que a maioria das atrações turísticas mais famosas, bem como monumentos e áreas com grandes concentrações de pedestres, também o sejam. Washington não permite drones. No Reino Unido, não é possível usá-los a menos de 50 metros de qualquer prédio, pessoa ou veículo, ou a 150 metros de áreas construídas ou movimentadas. O Japão tem restrições semelhantes, assim como vários outros países. Atualmente, a Europa é regulada por uma salada de leis, mas uma legislação uniforme para o bloco entrará em vigor em julho de 2020.
Se você for viajar dentro dos EUA, saiba que a Federal Aviation Administration (FAA) atualizou o app B4UFLY. Você pode dar busca no local de destino, ou aquele onde se encontra, para saber se há restrições. Outra opção é o AirMap, que mostra as limitações para o local onde o usuário se encontra e funciona nos EUA e em outros 20 países.
Que tal uma autorização?
De modo geral, quanto mais turístico for o lugar, menores as chances de poder usar seu drone. Talvez haja a possibilidade de pedir uma autorização, mas geralmente elas são reservadas a profissionais. Você terá de entrar em contato com a administração de aviação civil de seu país (no caso dos EUA, a FAA).
Ainda no caso dos EUA, se for perto de um aeroporto ou outro espaço aéreo controlado, o órgão estabeleceu um programa chamado Low Altitude Authorization and Notification Capability (Autorização de Baixa Altitude e Capacidade de Notificação) para garantir aos pilotos uma liberação mais rápida de autorização de voo, disponível em apps como o AirMap. A maioria dos drones exige registro na FAA.
As melhores opções para viagens
Você fez a lição de casa, pesquisou, está livre para voar... mas qual deles escolher? Uma versão pequena e com alta portabilidade é a melhor para viagens. A Wirecutter, empresa do The New York Times que faz resenha de produtos, recomenda alguns, incluindo o DJI Tello, que custa por volta de US$ 100 (mais de R$ 400). As fotos e os vídeos que produz não têm a alta qualidade das opções maiores, mas o baixo custo e o tamanho reduzido são grandes atrativos para quem viaja.
No avião
Geralmente, os drones usam bateria de íon-lítio ou de polímero de lítio, e a FAA proíbe qualquer tipo de sobressalente na bagagem despachada – só valem as instaladas no equipamento. Se precisar de extras, porém, pode levá-las na mala de mão. O órgão oferece um PDF bem útil para explicar o que é permitido e onde, mas é sempre bom se prevenir checando as regras da companhia aérea.
E se você for pego?
Polícias e governos de todos os tamanhos levam o potencial de ameaça dos drones muito a sério. Usar o aparelho em um parque nacional, por exemplo, é considerado infração passível de multa de até US$ 5 mil e seis meses de prisão.
Outros países implantaram penalidades semelhantes: dependendo da transgressão, no Reino Unido, a multa pode ser de 200 a 300 libras no local até 2,5 mil (uma libra equivale a cerca de R$ 5). No Japão, são mais de 500 mil ienes (R$ 19 mil). Se seu drone for confiscado, não há garantia de recuperá-lo. Assim, além de se familiarizar com as leis, olhe à volta – geralmente, as placas de proibição são bem visíveis perto de estacionamentos, entradas e bilheterias.
Pense nos outros viajantes
Signe Brewster, especialista em drones, dá um último conselho:
– Acho melhor optar pelo respeito extremo. Se estou em um lugar turístico e há outras pessoas nas proximidades, não vou acioná-lo. Eu não gostaria de ouvir o zumbido de outros 10 equipamentos à minha volta, por isso prefiro nem começar. Nunca utilize o dispositivo sobre multidões e sempre respeite as proibições.