A chegada a Saint Barthélemy – St. Barts, como muitos conhecem – pode ser assustadora: o aviãozinho arremetendo dramaticamente, os detalhes da encosta pontilhada de casas de telhado vermelho de repente visíveis pela porta aberta da cabine, a aterrissagem com um solavanco. Mas a recompensa é um oásis verdejante, cercado de areia branca e mar turquesa.
Escarpada demais para a agricultura em larga escala, a possessão francesa foi quase um aposto colonial, entregue à Suécia, em 1784, em troca de privilégios comerciais no porto de Gotemburgo. Devolvida à França quase um século depois, a própria ilha recentemente sobreviveu a um susto quase fatal: em 2017, foi atingida pelo furacão Irma e seus ventos de quase 320 km/h, o que resultou em um prejuízo de 800 milhões de euros. Com a ajuda de visitantes famosos e seus próprios recursos, St. Barts se reergueu.
Para explorar a ilha em menos de uma hora, convém alugar um Mini Cooper conversível no aeroporto (diária de cerca de 90 euros, com seguro). Compre um chapéu de palha na butique Black Swan, em St. Jean, e siga pela rua principal, bem estreita, que o levará ao lado oriental. Não deixe de fazer um pit stop no hotel Le Toiny, onde você poderá se acomodar ao lado da piscina para apreciar a vista que se estende por quilômetros, descortinando até St. Kitts & Nevis se o dia estiver claro.
O passadiço que corre ao longo da Rue de la Republique, em Gustavia, a capital – que dá mais a impressão de ser um conjunto de casinhas de boneca do que uma cidade de verdade –, é perfeito para uma caminhada ao fim da tarde. Estique o passeio até Shell Beach, popular entre o público adulto, bebedor de champanhe, e o infantil, catador de conchas. A seguir, vá ao Bonito, que parece mais uma mistura de bistrô francês e cevicheria peruana, situado em uma varanda de East Hampton.
Lorient Beach, com excesso de veículos na rua principal, é uma muvuca, mas a 10 minutos de carro você encontra um tesouro selvagem: Saline Beach. A partir da trilha rochosa que começa no estacionamento, você será recebido por um tapete de areia branca que se estende até as dunas que dão no mar. Espremida por paredões de pedra de ambos os lados, a praia dá poucos sinais de civilização. Na hora de procurar uma sombra, vá ao Grain de Sel, um café à beira-mar despretensioso ali pertinho.
Outra praia gostosa é Colombier Beach. Leve equipamento de snorkel para poder admirar os peixes coloridos ao redor das pedras no lado leste (se quiser nadar com as tartarugas marinhas, vá para a Grand Cul de Sac Beach, do outro lado da ilha). Se estiver muito quente na volta de Colombier, pare em Flamands Beach para um mergulho rápido. E depois você pode aparecer de roupa de banho mesmo no Chez Rolande, casa crioula com cardápio sazonal. Não se deixe enganar pelo clima descontraído: ali você vai encontrar uma das cozinhas locais mais caprichadas, e também a sobremesa que é unanimidade nacional: a banana flambada (8 euros).
Glamour e deleite
Uma diária de hotel em St. Barts pode chegar a mil euros ou mais, mas há luxo a preços acessíveis, como no Le Village (diária de verão a partir de 185 euros, de inverno, 280 euros). Fundado em 1968, o estabelecimento situado na encosta já atraiu hóspedes do naipe dos Vanderbilt e de Greta Garbo.
No restaurante Orega, cada detalhe conta, como a curva elegante do copo com uma mistura de yuzu para limpar o paladar. Aposte no cardápio omikase, que inclui o toro uzu coberto de trufa, caviar e folhas de ouro. O jantar não sai por menos de 150 euros.