O mundo ganhou em 2019 um país de nome novo: a Macedônia do Norte. Em fevereiro, a Antiga República Iugoslava da Macedônia, como a ONU se referiu ao país dos Bálcãs durante sua admissão, em 1993, se tornou oficialmente a República da Macedônia do Norte.
Para muita gente que conhece essa nação simplesmente como Macedônia, a questão pode parecer só de semântica, mas não é.
O país concordou em mudar o nome para resolver uma disputa de mais de 10 anos com a Grécia, que, por sua vez, já disse que vai desistir da objeção da entrada do vizinho na União Europeia e na Otan. Os gregos se opunham ao nome alegando que implicava aspirações territoriais sobre sua região setentrional homônima.
Para o viajante, o fim da disputa significa um novo carimbo no passaporte e mais uma razão para descobrir essa terra recém-nascida, ainda que antiquíssima, que faz fronteira com a Grécia, a Bulgária, a Sérvia, o Kosovo e a Albânia.
Rico em cultura do Velho Mundo, culinária rústica, cadeias de montanhas, vilarejos remotos e alguns dos lagos mais antigos e profundos da Europa, o país é uma sinapse que conecta as tradições combinadas de outros tantos impérios – grego, macedônio, romano, bizantino, otomano –, onde o Ocidente e o Oriente há muito descobriram um meio-termo.
O país é uma sinapse que conecta as tradições combinadas de outros tantos impérios – grego, macedônio, romano, bizantino, otomano –, onde o Ocidente e o Oriente há muito descobriram um meio-termo.
A esperança é de que a alteração do nome inspire, em parte, uma mudança na publicidade.
— O acordo se livra dos nossos limites filosóficos. Elimina a palavra “antiga” do nome e deixa de nos definir como algo que ainda está no passado. Ajuda a nos libertar e viver o presente, com uma visão mais clara e positiva do futuro — explica Alexandar Donev, ex-diretor macedônio da Agência para Promoção e Apoio ao Turismo.
Donev hoje é o dono da operadora de viagem e consultoria de sustentabilidade que organiza passeios de ecoaventura Mustseedonia (um trocadilho com o nome do país e a expressão em inglês must see, algo que deve ser visto). Ele sentou-se comigo em um café na rua mais lotada de bistrôs do bairro Debar Maalo, em Skopje, capital com um centro histórico milenar.
Microcosmo regional, a Macedônia do Norte reúne todas as experiências balcânicas em um espaço minúsculo: é possível dormir em acampamentos de pastores nômades e cabanas durante caminhadas de vários dias; dançar em casas noturnas até as primeiras horas da manhã; deparar com festivais tradicionais em aldeias simpáticas, com música ao vivo e mesas lotadas de carnes grelhadas, legumes, queijos, pães e vinho.
As montanhas se estendem pelo lado Oeste, formando a fronteira com o Kosovo e a Albânia antes de alcançar a Grécia. Ao longo da cordilheira, três parques nacionais e o imenso Lago de Ocrida dominam a paisagem. Em 1980, a Unesco descreveu a região, pontilhada de monastérios cristãos ortodoxos encarapitados nas encostas íngremes, como “um dos assentamentos humanos mais antigos da Europa”. Um pouco mais para o norte, saindo da praça principal de Skopje, o turista pode conferir a diversidade histórica da cidade no bazar da era otomana conhecido como Carsija, onde dividem espaço sapateiros, ourives, cafés, wine bars, feiras, lojas de suvenires e restaurantes.
Por Alex Crevar