Depois de verificar que a mala não cabia dentro da fôrma de papelão, o funcionário alertou:
— A partir de maio, a senhora não poderia embarcar. Teria de despachar.
A passageira, Verônica Fantin, 23 anos, em viagem para o Espírito Santo, estava com a bagagem de mão um pouco mais larga do que o padrão, culpa de uma alça protuberante.
— Ainda bem que é só em maio. Vou ter de trocar de mala — concluiu.
A cena ocorreu na manhã desta quarta-feira (24), em frente à sala de embarque do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, no primeiro dia da campanha educativa sobre o tamanho adequado da bagagem que vai junto com o passageiro na cabine das aeronaves. A campanha no aeroporto vai até 12 de maio, e a exigência de cumprimento das regras começa a ser feita no dia 13.
Dois funcionários se postaram no local para informar os passageiros sobre as regras, que passarão a ser cobradas em todos os aeroportos do país. Eles estavam junto a um totem, que informava as medidas máximas (55 centímetros de altura, 35 centímetros de largura e 25 centímetros de profundidade), e dispunham da caixa de papelão, que tinha o tamanho padrão. Se a mala coubesse dentro, estava dentro das regras.
Em sua primeira viagem de avião, Saimon Cardoso, 36 anos, passou no teste.
— São só dois itens, a mala e o item pessoal — explicou-lhe o funcionário.
— Mochila pode? — questionou Saimon, mostrando a que carregava às costas.
— Pode, sim.
O passageiro se tranquilizou:
— Como é a primeira vez que estou viajando, fico em dúvida. E não quero ter de deixar nada para trás ou pagar taxas extras.
Em geral, os passageiros estavam com a bagagem nos conformes, embora alguns tenham sido alertados por carregar mais do que os dois volumes permitidos e outros tenham visto a mala não caber, ainda que por pouco, no molde. Um dos poucos a ficar contrariado foi Helder Ferreira, 55 anos, que estava com uma bagagem de tamanho acima do padrão.
— Aí já não concordo. Sou contra. A mala está com menos de 10 quilos, abaixo do limite. Medida padrão é para país que fabrica dentro de medidas padrão. Não existe padrão para nada, como vai cobrar medida padrão com uma caixa? — posicionou-se.
Neste momento, os passageiros estão apenas sendo orientados sobre o tamanho de suas malas de bordo. Depois do período educativo, quando as regras começarem a ser cobradas para valer, quem não estiver em conformidade com as regras terá de despachar a mala no check-in da companhia, com possibilidade de cobrança de taxa, conforme o tipo da franquia da viagem. A ação educativa já chegou a alguns aeroportos do país em 10 de abril. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), o pente-fino é necessário para evitar que sejam levados para o compartimento dos passageiros volumes incompatíveis com a capacidade do bagageiro, o que causa transtorno a outros clientes.