Em apenas duas mochilas, o casal Lucas Fernando Ongaratto, 31 anos, e Jackeline Cavalcante, 30, carrega tudo o que precisa para conhecer o mundo. Viajando desde janeiro deste ano de barco, ônibus e avião, eles já passaram por mais de 50 países – China, Myanmar, Laos, Tailândia, Malásia, Nova Zelândia, Dubai, Turquia, Holanda e Espanha são alguns deles. Os aventureiros partiram da Austrália, onde moram, com a intenção de ficar um ano fora (prazo que já foi estendido – a ideia é seguir a viagem até junho de 2019). Eles contam que se organizaram com o equivalente a R$ 112 mil para viver essa experiência.
— Juntamos 20 mil dólares australianos cada um para fazer a viagem e ficar 12 meses sem trabalhar — relata Lucas, que nasceu em Porto Alegre.
Uma das estratégias do casal é economizar na hospedagem, ficando em hostel, casas de amigos que fizeram em outras viagens e até aceitando convites de seguidores da página do casal no Instagram, na qual mostram o dia a dia da aventura. Para gastar menos com transporte, eles optaram pelo ônibus, que tem mais preço baixo e dispensa o despacho da bagagem.
— Também usamos trem, já fizemos deslocamento de barco e, quando a distância é muito grande, usamos o avião — completa Lucas.
Claro que a viagem também tem seus perrengues: Lucas e a paulista Jackie já enfrentaram transporte precário, atrasos no deslocamento e tentativas de extorsão. Ter um seguro saúde e um dinheiro extra para imprevistos ajudou a casal em situações adversas, como problemas com uma moto alugada, intoxicação alimentar e doenças respiratórias.
Em relação à alimentação, ambos preferem provar comidas típicas, como carne de zebra e escorpiões, no caso de nações asiáticas como o Camboja.
— Vendem muito inseto para turistas comerem, mas poucos sabem a história por trás disso. O líder comunista do país fez com que toda a população que não apoiasse o regime saísse das grandes cidades. Como foram muitas pessoas, e a comida começou a terminar, não tiveram opção a não ser comer insetos — explica Lucas, relembrando o período pelo qual passou o Camboja nos anos 1970.
Antes de iniciar a maior viagem de suas vidas, os jovens trabalhavam em uma churrascaria e em um café na Austrália. O sonho de dar a volta ao mundo foi cultivado desde a infância, mas a decisão veio após uma visita de 40 dias à Ásia.
— No começo, minha família ficou um pouco assustada. Aí, falei para minha mãe: “Nenhum lugar que vou chega próximo da violência do Brasil, não precisa te preocupar!”. E, infelizmente, isso é verdade — lamenta o porto-alegrense.
Lucas recomenda muito planejamento a quem quer embarcar em uma aventura semelhante:
— Há muitas maneiras de viajar sem gastar muito. Depende da disposição de cada um.
O casal voltou ao Brasil para passar o fim de ano com a família, mas a aventura segue em 2019.