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Em novembro de 2014, fiz uma viagem sozinha a Myanmar, a antiga Birmânia, lugar único do sudeste asiático que esteve fechado ao turismo por muito tempo. País um tanto misterioso para nós, é mais conhecido aqui pela Revolução Açafrão. Ela foi liderada pelos monges budistas que, em 2007, saíram em passeatas silenciosas contra o governo da época, acusado de corrupção e violação dos direitos humanos, e por Aung San Suu Kyi, líder da oposição agraciada com o Prêmio Nobel da Paz em 1991 e mantida em prisão domiciliar por 15 anos (e cuja história foi contada no filme Além da Liberdade). Em viagem recente para outros destinos exóticos da região (Laos, Camboja e Vietnã), tive minha atenção despertada para essa nação fascinante de 60 milhões de habitantes. O povo e a cultura estão entre os mais charmosos e autênticos. As mulheres pintam o rosto com thanaka, um pó amarelo feito da casca de uma árvore, e os homens vestem uma saia até os tornozelos, o longyi. Com 88% da população budista, tem inúmeros templos e monumentos milenares reluzentes, e, por isso, é conhecido como "o reino dos templos dourados".
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Longa viagem até o destino final
Após 1h40min de voo até São Paulo, mais 13h30min até Doha (Catar), mais 6h10min até Bangcoc (Tailândia), e mais 1h20min, cheguei a Yangon, antiga capital de Myanmar. A cidade, de mais de 6 milhões de habitantes e trânsito caótico, tem ruas estreitas, parques, lagos e mansões coloniais britânicas deterioradas ao lado de reluzentes templos budistas. Entre eles, está o templo religioso mais importante da Ásia, o Shwedagon Pagoda, conhecido como Pagode de Ouro, que guarda relíquias de Buda. Ela tem a estupa principal, de quase cem metros de altura e coberta por placas de ouro, circundada por mais de 60 pequenos templos. Depois de mais uma hora de voo partindo de Yangon, cheguei a Mandalay, última capital real do reino da Birmânia. Ali, no pagode Arakan, a imagem de Buda mais venerada do país continua sendo coberta pelos fiéis com finas folhas de ouro. Em Amarapura, conheci a lendária U-Bein, a mais longa ponte de madeira do mundo (1,2 mil metros), erguida para os pedestres há cerca de 200 anos com mais de 900 postes de madeira. Ver o sol se pondo entre os pilares, passeando em um antigo barquinho a remo, é um programa imperdível. Então, embarquei na Road To Mandalay para um cruzeiro pelo Rio Ayeyarwady, parando em vilarejos interessantes. Em Shwe Kyet Yet, testemunhei a cerimônia da oferenda, quando os monges saem cedo dos templos para recolher nas ruas o alimento que irão consumir até o final da manhã (no restante do dia, somente podem beber água ou suco). Em Ava, sacolejando em uma charrete, fui desfrutando da paisagem do caminho, formada por vilas, templos e monastérios, até chegar a Inwa, onde o secular Mosteiro Bagaya, todo esculpido de madeira teca, abriga uma escola que parece ter parado no tempo.
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Em bagan, uma vista para não esquecer
Em Nyaung-u, o impressionante Pagoda Shwezigon, concluído no século 12, a estupa é coberta de ouro e rodeada de templos e santuários menores, que abriga relíquias de Buda. Em Bagan, em uma área de 41 quilômetros quadrados localizada em uma planície próxima ao Rio Ayeyarwady, a impressionante vista sobre mais de 3 mil estupas e templos budistas antigos é um momento inesquecível. Considerado um dos mais impressionantes sítios arqueológicos da Ásia (ao lado de Angkor Wat, no Camboja), teve seu auge no século 10, quando o rei trouxe para a região artistas, artesões, monges e mais de 30 elefantes carregados com as escrituras budistas. Myanmar está empatada com Laos no quesito "memórias inesquecíveis no Oriente". Mas essa é outra história...
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