Embora isolado e desprovido de modernização, o Laos, uma das poucas nações socialistas do mundo, também tem características que o tornam um gigante escondido no Sudeste Asiático. A simplicidade do povo, a riqueza natural, os elefantes como meio de transporte e a singularidade dos monges coletores fazem do país um destino único.
A aventura começou por Luang Prabang, localizada em uma península formada pelos rios Mekong e Nam Khan. Declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, a aconchegante cidade reúne um casario colonial de estilo francês, templos budistas, comércio vibrante e restaurantes de alto padrão. As principais atrações estão no chamado Old Quarter, o Centro Histórico, ao longo da Rua Th Sisavangvong.
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Ali, presenciei uma das cerimônias mais emocionantes da viagem, a Morning Alms. Pouco antes do nascer do sol, dezenas de monges saem dos templos para coletar comida. Moradores se posicionam em uma calçada e oferecem a eles o que podem: arroz cozido, frutas, biscoitos e doces. É somente esse alimento que eles vão consumir. Depois, fazem jejum até o próximo dia. É lindo vê-los em silêncio, em fila, com um recipiente pendurado no corpo, buscando o alimento. E testemunhar a forma colaborativa como o povo se dedica a esses homens.
Circular por Luang Prabang dá uma sensação de leveza, de paz. Talvez, a melhor maneira de observar a cidade e seus templos é entrando no ritmo dos moradores: percorrendo as ruas sem pressa, visitando a feirinha de artesanato local, experimentando as guloseimas da rua.
E como bom turista, não perca a chance de subir o Monte Phousi, ponto mais alto da cidade. No topo, está o pagode de Wat That Chomsi, que, apesar de pequeno, conta com muitas estátuas de Buda. O local é ideal para minutos de meditação e para assistir ao pôr do sol. Além disso, parece que você está em um camarote: lá de cima, dá para contemplar Luang Prabang de diferentes ângulos.
Também é imprescindível acordar cedo em algum outro dia para conhecer um conjunto de cachoeiras de água azul-turquesa que formam sete piscinas naturais em diferentes níveis no parque Kwang Si. Alugue uma vespa ou vá de tuk-tuk. A cascata que leva o mesmo nome do parque é exuberante. É permitido nadar por áreas delimitadas. O porém fica por conta da temperatura gelada. Fora isso, se jogue. Presenciei meninos monges se divertindo no local.
No passeio, você também pode conhecer o Centro de Resgate de Ursos, uma instituição que cuida desses animais asiáticos recuperados das mãos de traficantes e caçadores. Os bichos ficam em área restrita, que tenta reproduzir seu hábitat natural. É gratuito.
No caminho de ida e de volta para o parque, observe o ritmo dos moradores e da sua simplicidade. "Perca" alguns minutos em algum armazém, você pode tentar se comunicar com algum laosiano e observar que elefantes são utilizados como meio de transporte. Há pessoas trabalhando em lavouras também. Cumprimente, você receberá um largo sorriso de volta.
Após me sentir em casa em Luang Prabang, segui de ônibus rumo a Vang Vieng, o paraíso dos mochileiros. A pequena cidade é o oposto de Luang Prabang, pois parece não guardar mais as tradições do país. Não há monges nas ruas, e bares irlandeses e australianos estão espalhados, assim como lanchonetes de cheeseburger e barraquinhas de crepes e por aí vai. Em comum, a beleza da natureza que circunda o lugar.
Talvez, o maior atrativo local seja o tubing no Rio Nam Song. Em resumo, significa descer de boia por horas as águas pacatas do rio. O ponto de partida é próximo ao First Bar, de onde turistas levam algumas cervejas para ir tomando no trajeto. À medida que a cidade foi se tornando conhecida, surgiram outros bares à margem do rio vendendo todo tipo de drinks. Um dos mais tradicionais, dizem, é o Lao-Lao whisky bucket, uísque feito de arroz.
A descida se dá ao som de música eletrônica, vinda desses bares. As drogas nos cardápios também se tornaram bem comuns em Vang Vieng. Há bares vendendo "happy pizza" ou "magic fruit shakes". Para mim, a experiência no tubing foi de uma tarde relaxante.
De Vang Vieng, segui de ônibus até a simpática Vientiane. Embora seja a capital do Laos, os ares são interioranos às margens do Mekong. A dica é circular a pé, conhecer os belíssimos templos budistas e aproveitar a culinária local, com tradição na gastronomia francesa, uma das heranças da época da colonização. Dois ou três dias são suficientes para desbravar a capital onde, em pleno centro, é possível ouvir o canto dos pássaros e ver o voo das borboletas nas calçadas.
Dica: a forma mais fácil de ir ao Laos é voar a Bangcoc, na Tailândia. De lá, é possível pegar voos diretos para Luang Prabang e para a capital Vientiane.